O trabalho na área da saúde é bastante complexo e delicado. Quando uma pessoa sofre de alguma doença incurável, ela precisa de atenção especial. Nesses casos, são feitos os cuidados paliativos, um conjunto de procedimentos que têm o objetivo de proporcionar conforto e bem-estar, com dignidade para o paciente e para a sua família.
Os cuidados paliativos são definidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), envolvendo diferentes especialidades e princípios orientadores. Com isso, é possível melhorar a qualidade de vida e aliviar o sofrimento físico, psicossocial e espiritual.
Continue a leitura e entenda como funcionam os cuidados paliativos, qual a sua importância e como eles podem ajudar nesse momento tão difícil.
Como funcionam os cuidados paliativos?
A prática é baseada em 9 princípios, definidos e atualizados pela OMS. Traduzidos do inglês e extraídos da página oficial do órgão mundial, os princípios são os seguintes:
1. promover o alívio da dor e de outros sintomas desagradáveis;
2. afirmar a vida e considerar a morte como um processo normal da vida;
3. não acelerar nem adiar a morte;
4. integrar os aspectos psicológicos e espirituais no cuidado ao paciente;
5. oferecer um sistema de suporte que possibilite o paciente viver tão ativamente quanto possível, até o momento da sua morte;
6. oferecer sistema de suporte para auxiliar os familiares durante a doença do paciente e a enfrentar o luto;
7. abordagem multiprofissional para focar as necessidades dos pacientes e seus familiares, incluindo acompanhamento no luto;
8. melhorar a qualidade de vida e influenciar positivamente o curso da doença;
9. iniciar o mais precocemente possível, juntamente com outras medidas de prolongamento da vida, como a quimioterapia e a radioterapia, e incluir todas as investigações necessárias para melhor compreender e controlar situações clínicas estressantes.
Assim, os cuidados paliativos são feitos quando a equipe médica avalia que não há mais nenhum tratamento que possa ser realizado para controlar uma doença e que a morte é inevitável.
O trabalho ainda sofre preconceito, como explica Vanessa Menon de Oliveira Fonseca, que é psicóloga especialista em Psicologia Hospitalar e em Luto e Perdas, com experiência em cuidados paliativos desde 2011 e em Psicologia Hospitalar desde 2008. Isso pode resultar no acionamento tardio, o que prejudica os resultados e o vínculo que é estabelecido entre paciente e profissionais.
Quais os tipos de cuidados envolvidos?
Como destacamos, existem muitos profissionais envolvidos nos cuidados paliativos. O paciente recebe a assistência de:
- médicos;
- enfermeiros;
- psicólogos;
- assistentes sociais;
- teólogos;
- fisioterapeutas ocupacionais;
- dentistas;
- nutricionistas;
- fonoaudiólogos.
Esse trabalho conjunto é importante para que o indivíduo seja acolhido de maneira integral, o que envolve também a sua família. A psicóloga conta que os profissionais usam uma ferramenta para mapear as esferas do sofrimento chamada de Diagrama de Abordagem Multidimensional (DAM), proposto pelo médico Luis Alberto Saporetti.
A partir do DAM, a equipe consegue identificar quais são os cuidados necessários para cada caso em particular, o que proporciona um atendimento ético e adequado.
Qual a diferença entre cuidados paliativos e eutanásia?
Os cuidados paliativos não devem ser confundidos com a eutanásia, pois são procedimentos diferentes. Na eutanásia, a vida do paciente é abreviada, quando uma equipe médica, em acordo com a família, considera que o seu sofrimento não pode ser aliviado. Contudo, é uma prática proibida no Brasil.
No caso dos cuidados paliativos, não é feito nenhum processo de antecipação da morte, como está determinado no terceiro princípio destacado acima. Nesse sentido, lida-se com o falecimento de uma pessoa como um processo natural e que precisa acontecer no tempo certo.
Segundo Vanessa, para que isso seja possível, é preciso que uma equipe multidisciplinar avalie os procedimentos necessários e quais apenas prolongam a vida sem qualidade, diante de um quadro de doença irreversível.
Por que os cuidados paliativos são importantes?
O procedimento proporciona autonomia ao paciente e acolhimento à família em um momento delicado. Assim, considera que cada indivíduo é importante e busca garantir um atendimento digno até o fim da sua vida.
Também é fundamental para aliviar a dor do luto e garantir apoio à família nesse momento. Segundo a psicóloga, existem estudos recentes que apontam que os pacientes que recebem os cuidados paliativos podem ter maior tempo de sobrevida.
Quais benefícios trazem para o paciente e sua família?
Existem muitos benefícios relacionados aos cuidados paliativos para situações terminais. É possível realizar cerimônias, como casamentos e batismos, fazer registros fotográficos, concretizar sonhos e resolver pendências.
Nesse contexto, o luto acontece progressivamente, o que permite que a família vivencie esse processo de maneira mais tranquila, o que, de acordo com Vanessa, é um fator de proteção para que a despedida seja saudável.
Quando são indicados?
Os procedimentos podem ser adotados quando os médicos diagnosticam um caso de doença terminal, em que os tratamentos não serão suficientes para reverter o problema. Contudo, a ideia de que “não há mais nada a ser feito” é abandonada, já que esse atendimento completo revela muitos cuidados que ainda são necessários.
Os profissionais também ajudam a família a elaborar o luto e a lidar melhor com a pessoa que está doente, para que ela consiga apoiá-la da melhor maneira nessa circunstância.
Como ajudam a lidar com a despedida e com a morte?
Lidar com a morte com naturalidade é muito importante para que o luto se torne menos doloroso. Para isso, os profissionais buscam conhecer mais sobre aquele contexto familiar, o que permite que aliviem o sofrimento físico do paciente e psicossocial da família.
A psicóloga esclarece que os cuidados paliativos permitem o luto antecipatório, que é a oportunidade de tomar consciência da morte antes que ela aconteça e compreendê-la como algo inevitável e natural.
Com uma atenção empática e baseada em formação séria, os profissionais têm recursos para oferecer o acolhimento necessário para que os desafios sejam superados da maneira mais humanizada e tranquila possível, preservando a saúde mental.
Portanto, os cuidados paliativos são a alternativa para tornar a morte e o luto mais suaves e dignos. Como vimos, eles envolvem a atenção multidisciplinar necessária nesse momento e não têm relação com a antecipação da morte. O Grupo Primaveras procura oferecer constantemente informações sobre o luto e a morte, para ajudar as pessoas a compreenderem melhor esse momento e a lidarem com isso de uma forma positiva.
Quer saber mais sobre o acolhimento oferecido pelo Grupo Primaveras? Entre em contato e tire todas as suas dúvidas.
Muito importante esta questão dos cuidados paliativos, na minha família já passamos por esse processo com minha mãe, não posso afirmar que nos amenizou a dor da perda mas para ela acredito que foi muito importante pois teve uma morte mais tranquila.