A autoestima na terceira idade é tão importante quanto em outras etapas da vida. Imagine, por exemplo, a seguinte cena: um artista muito requisitado sempre foi convidado para atuar em peças de teatro e em novelas, com grandes produções, e que, habitualmente, eram sucesso de audiência. As suas participações eram consideradas decisivas e a sua opinião era consultada nos momentos mais cruciais. Eis que esse artista envelhece.
De repente, os convites tornam-se escassos, a sua opinião é constantemente oprimida ou contestada e as suas aparições já não são mais aguardadas. Ele começa a sentir-se entristecido, questionando qual será agora o seu papel no mundo. Muitos idosos vivem a reprise dessa cena todos os dias.
Essa sensação de não ser mais o protagonista da própria vida contribui para que o valor que o idoso tem por si mesmo decaia. A autoestima é exatamente isso — o valor que você se dá. Quando temos dificuldade com a nossa autovalorização, a saúde mental e, consequentemente, a saúde geral, como um todo, podem ser comprometidas.
Nesse sentido, veja o que fazer para elevar a autoestima na terceira idade e conheça algumas atitudes que devem ser evitadas nesse processo. Boa leitura!
Incentive os planos de vida
Vamos partir do princípio. Todos nós somos seres finitos e, portanto, não habitaremos mais este mundo algum dia. Isso não significa, contudo, que o momento de nossa partida será na velhice, apesar da grande probabilidade de ser assim. Dessa forma, é incoerente pensar que uma pessoa idosa não deve ter sonhos, desejos e um plano para a sua trajetória, já que não esperamos que assim o seja em nenhuma outra faixa etária.
A terceira idade é mais uma etapa da nossa existência e não, necessariamente, o fim dela. Os projetos para viver depois da aposentadoria ou depois que os filhos já seguiram os seus rumos podem ser os mais diversos. Então, incentive desde vontades que sempre existiram até novos desafios antes impensados, como fazer aquela viagem fantástica, aprender um novo idioma ou iniciar um novo ofício.
Estimule a convivência social e familiar
Uma boa maneira de o idoso continuar a sentir-se com valor e pertencente à sociedade é interagindo com outras pessoas. A troca de experiências, as conversas e os conselhos podem ajudar a manter a mente ativa e não deixam que a pessoa se sinta “parada no tempo”. Atividades em grupo, como clubes de leitura, excursões e bailes, têm um efeito terapêutico e, além disso, podem ser bastante divertidas!
Outra forma de convívio social que é muito importante para a autoestima na terceira idade é o convívio com a família. Em geral, a pessoa idosa começa a ser excluída e é esquecida em algumas ocasiões. Às vezes, isso acontece por conta da vida atribulada dos familiares; em outros casos, em razão de ela não ser mais tão ágil e independente como antes ou, em determinadas situações, apenas por ter envelhecido. Lembre-se de incluir o idoso da mesma forma que são incluídas as outras pessoas importantes.
Seja compreensivo com os sentimentos
É comum, com o tempo, a pessoa idosa sentir-se inadequada, afinal, ela percebe que não consegue mais fazer sozinha coisas que fazia antes. Ela nota que tem dificuldades com questões simples do cotidiano, que se confunde um pouco em algumas tarefas e, usualmente, até começa a achar que não serve para mais nada.
Por receber menos visitas dos familiares e dos amigos, ela passa a sentir-se sozinha. O corpo, por sua vez, muda muito nessa faixa etária e, além de algumas dores que podem surgir, a aparência já não é a mesma.
A sensação de dependência e de causar algum tipo de incômodo também se torna muito presente. Diante desse turbilhão de emoções pelo qual o idoso passa, o acolhimento, o carinho e a compreensão trazem aconchego a esses seres tão amados.
Respeite as limitações, mas também a capacidade
Como vimos no item acima, algumas mudanças acontecem na mente e no corpo de quem envelhece. Portanto, é provável que a pessoa precise de ajuda com algumas coisas em que antes não precisava — por exemplo, para mexer em aparelhos eletrônicos e tecnológicos, para levantar-se ou mover-se de alguns lugares e, a depender do estado de saúde, talvez até para atividades mais básicas, como comer e tomar banho.
Independentemente dessas limitações, existe um indivíduo com histórias, sentimentos e desejos por trás. Ou seja, trata-se de alguém que, certamente, fazia as suas próprias escolhas, cuidava do seu próprio dinheiro, deslocava-se sem grandes complicações e que, hoje, precisou abrir mão de boa parte do controle da própria vida.
Então, sempre que possível, estimule a autonomia do idoso e deixe que ele faça tudo aquilo que não precisa de ajuda para fazer.
Tenha cuidado com autoritarismos
Zelar por alguém e sugerir algumas atitudes que julgamos melhores para a pessoa é diferente de decidir por ela. Muitas vezes, na ânsia de proteger e de preservar os nossos idosos, agimos de forma autoritária com eles. É, sim, possível que eles precisem de aconselhamentos quanto à organização da casa, quanto às finanças e quanto a decisões do dia a dia, por exemplo, mas isso não significa que precisam que alguém dite as regras quanto ao que deve ser feito.
Salvo em casos específicos, a pessoa que envelhece mantém a sua capacidade de fazer escolhas perfeitamente. Gritar, esbravejar e desrespeitar o idoso no intuito de fazer com que ele siga ordens abala muito a autoestima dele.
Se existe algo que você considera melhor em alguma situação, converse de maneira calma e paciente, explicando os motivos. Às vezes, pode parecer que sim, mas o idoso não precisa de “pai” e/ou “mãe”, mas de familiares que o reconheçam em sua velhice.
Retome pontos fortes e a vaidade
Faz parte do envelhecimento sentir certo estranhamento com relação ao próprio corpo e à perda de algumas habilidades. Porém, com incentivo, é possível retomar ou reconstruir o amor próprio da pessoa idosa. Relembrar o que ela sempre fez muito bem, no que é boa e, por exemplo, os aspectos da aparência que se destacam pode funcionar muito bem.
Vale proporcionar momentos para que o idoso entre em contato com quem era e para que se motive a recuperar a sua autoestima: vale investir em um dia de beleza, presenteá-lo com uma roupa bonita, estimular a manutenção dos cuidados com a pele e com o cabelo, pedir algo que só ele sabia fazer — como cantar uma música e, nesse caso, apreciar a sua voz. Essas experiências trazem alegria e podem mudar a maneira como a pessoa idosa se vê.
Fique alerta com a saúde
Quem convive com problemas de saúde quase sempre não tem uma boa autoestima. Isso porque sentir-se saudável traz uma sensação de estar bem consigo mesmo. A pessoa na terceira idade precisa manter alguns hábitos de vida para prolongar a sua longevidade e, inclusive, evitar dores e doenças características dessa faixa etária.
É importante, portanto, manter uma alimentação equilibrada, uma rotina que inclua exercícios físicos — de preferência, em grupo —, praticar atividades prazerosas, como hobbies, e cuidar da saúde mental. Ouça o que o idoso tem a dizer, seja sobre o que sente no corpo, seja sobre o que sente na alma e, em ambos os casos, se for preciso, busque ajuda profissional.
Vimos que, para elevar a autoestima na terceira idade, são necessárias atitudes simples e que devem fazer parte do dia a dia de qualquer pessoa, em qualquer faixa etária. O que acontece é que, no processo de envelhecimento, algumas práticas importantes se perdem pelo caminho. O papel central no enredo da própria vida é do idoso, no entanto, a família, com muito amor e gratidão, pode retribuir um pouco do que recebeu e contribuir para essa reestreia da sua versão sênior.
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Gostei muito do tema abordado, muito interessante e produtivo para auxiliar as pessoas( tanto cuidadores como pacientes). Continuem com os artigos que ajudam muito seus associados. Obrigada.
Olá, Neyde
Agradecemos imensamente o carinho! Esse retorno é muito importante para nós.
Um forte abraço!
Grupo Primaveras
Conteúdo rico dimais. Simplesmente adorei. Sou orientadora e superintendente dos grupos do serviço de convivência e o grupo dos idosos é o xodó do cras. Com certeza vai me ajudar muito nas execuções das atividades do dia a dias.