Os primeiros anos de vida são fundamentais para a construção de seres humanos saudáveis, felizes e preparados para o convívio em família e em sociedade.
Do 0 aos 6 anos de idade — período conhecido como Primeira Infância — muitas coisas acontecem no cérebro de uma criança e, de acordo com a Fundação Maria Cecília Vidigal Souto, esse é o momento em que as experiências afetivas e as descobertas ficam para a vida toda.
Mas você sabe por que essa fase é tão importante? Explicamos a resposta neste artigo e, ainda, contamos quais são os cuidados essenciais nessa etapa para garantir um desenvolvimento humano com muita qualidade. Boa leitura!
Por que os primeiros anos de vida são importantes?
São nos primeiros anos de vida que aprendemos as funções básicas de sobrevivência, começamos a interpretar as expressões e emoções das pessoas ao nosso redor e descobrimos formas de manifestar nossas necessidades.
Isso porque os processos de formação do aprendizado e de captação das informações disponíveis no ambiente acontecem de forma muito rápida no cérebro, por meio das conexões neurais.
Durante toda a nossa vida acontecem essas conexões — chamadas de sinapses —, e elas ocorrem em uma velocidade praticamente instantânea. Para as crianças, esse mecanismo é ainda mais acelerado: são milhares ou até mesmo milhões de conexões por segundo!
Por conta dessa metodologia de aprendizagem avançada do cérebro humano, os primeiros anos de vida representam o melhor momento para que o comportamento da criança seja moldado e para que ela consiga absorver todos os estímulos que estão presentes ao seu redor, sejam emocionais, sejam cognitivos ou, até mesmo, físicos.
Nesse sentido, é importante cuidar para que àquilo que a criança tem acesso — os exemplos de comportamento e afetividade, além do próprio ambiente — seja propício ao seu desenvolvimento. Além disso, corrigir — com calma, sem violência e com bom senso — as atitudes incorretas e ensinar novamente a referência adequada é fundamental nesse processo.
Mesmo que no momento da ação inadequada, praticada por um pequeno, ela pareça inofensiva — por exemplo, uma criança que quebra objetos quando é contrariada —, a longo prazo, isso pode tornar-se um verdadeiro desvio de conduta do adulto ou gerar problemas emocionais.
Portanto, é importante acompanhar de perto como a criança se desenvolve e intervir, quando necessário, para colocá-la no caminho de novo. Os adultos são como um porto-seguro. As crianças precisam explorar, tentar, acertar e errar, mas sempre devem ter amparo para isso.
Quais são os cuidados fundamentais na primeira infância?
Você já reparou em como um bebê ou uma criança pequena é atenta a tudo o que acontece em sua volta? Até costumamos dizer que parecem “anteninhas” que captam tudo!
É por isso que os adultos precisam estar em alerta para uma série de aspectos. Mas você sabia que não são só os pais ou cuidadores das crianças que têm essa responsabilidade? A sociedade como um todo e o Estado são responsáveis por fornecer condições adequadas para o desenvolvimento infantil.
Para garantir essa participação de todos, existem mecanismos legais em defesa da criança e do adolescente, como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Marco Legal da Primeira Infância.
Na sequência, vamos ver alguns dos cuidados que devemos ter com as crianças. Acompanhe!
Cuidados físicos e de saúde
Em geral, esses são os cuidados identificados como os mais importantes pelas pessoas para o desenvolvimento infantil. E, apesar de não serem os únicos, de fato são indispensáveis.
A criança precisa de alimentação e hidratação adequadas para que o corpo tenha energia e consiga realizar as sinapses. Precisa também de acompanhamento médico regular e cobertura vacinal para garantir que o organismo funcione bem.
Além disso, ter uma rotina que contemple as atividades principais para o crescer saudável — como horas de sono, momento da brincadeira, tempo de convivência, hora para comer — proporciona segurança e tranquilidade aos pequenos.
Cuidados socioambientais
Aqui existem diversos pontos de atenção. Cuidar do ambiente em que a criança vive não se refere apenas ao espaço físico e à organização — apesar deles serem importantes para garantir proteção a ela, por exemplo, contra a ação do tempo.
Isso se trata também de proporcionar um lugar seguro para que os pequenos possam ser criativos e explorar livremente o mundo em que vivem. E mais! De acordo com o Plano Nacional pela Primeira Infância 2020-2030, estimular o contato com a natureza proporciona saúde, potência e felicidade para as crianças.
Para isso, no nível da própria residência, é essencial garantir o mínimo de risco possível no ambiente, disponibilizar espaços para o brincar e sempre supervisionar o dia a dia infantil.
É indicado que os ambientes familiares sejam calmos e estimulem confiança na criança. No mais, ela precisa estar segura ali e ser poupada, o máximo possível, de situações estressoras que possam afetar o seu desenvolvimento.
Atenção também aos períodos excessivos de conexão com aparelhos tecnológicos, pois eles diminuem a capacidade da criança criar repertórios de brincadeiras e convívio social, além de interferirem no potencial de lidar com as frustrações e ser resiliente.
Cuidados cognitivos e afetivos
Todos nós somos seres sociais, ou seja, precisamos uns dos outros para viver bem, mais do que apenas conviver. Precisamos de afetividade, que é o que nos traz bem-estar. Com as crianças, essa necessidade de vínculo se intensifica ainda mais.
É por meio do afeto, do amor, do carinho e de atenção que os pequeninos se sentem seguros e valorizados no mundo, confiam na sua própria capacidade e conseguem gerenciar melhor suas emoções e conflitos — muitas vezes aprendendo com os exemplos.
A parte cognitiva, que é totalmente relacionada à afetiva, se desenvolve com sucesso em crianças que recebem esses cuidados básicos. O brincar também colabora significativamente para o desenvolvimento cognitivo infantil.
Na brincadeira, a criança exercita uma série de aspectos fundamentais para toda a vida — como a imaginação, as funções motoras, a criatividade, a tolerância à frustrações e a inteligência emocional.
E quais são os riscos de negligenciar os primeiros anos de vida?
Além dos riscos físicos e de saúde — como desnutrição, desidratação e aquisição de doenças —, negligenciar os cuidados básicos nos primeiros anos de vida pode acarretar prejuízos definitivos nas áreas sociais e cognitivas das crianças.
Os processos de aprendizagem podem ser prejudicados quando as necessidades básicas de cuidado não são atendidas. Afinal, como é possível que o cérebro dê conta de um mecanismo tão complexo quanto aprender quando não está fortalecido?
O convívio social e as formas de se relacionar — tanto ainda na infância quanto na vida adulta — são diretamente impactados pela maneira como a criança experimentou a afetividade no seu desenvolvimento. Afinal, nosso comportamento psicossocial ganha suas primeiras referências nessa fase.
Viu como é importante cuidar dos primeiros anos de vida? Se queremos adultos mais felizes, autoconfiantes, responsáveis e saudáveis — física e emocionalmente —, precisamos oferecer condições adequadas ainda no desenvolvimento infantil para que seja assim.
O tema da Primeira Infância move muitas discussões e, por isso, existem bons materiais produzidos e disponíveis para consulta, caso você tenha interesse. Uma sugestão é o documentário O começo da Vida, dirigido por Estela Renner, que fala, de forma multicultural, sobre essa etapa da vida.
Conteúdo recomendado pela editora educativa Twinkl na campanha sobre o Dia das Crianças.
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