Ter um ente querido com doença que ameaça a continuidade da vida é, certamente, algo doloroso para qualquer pessoa. É uma fase marcada pela sensação de impotência diante da doença e da sensação de que aquela pessoa pode estar chegando ao final de sua vida.
Por mais difícil que seja, é importante se permitir viver este momento, no sentido de usufruir da presença daquela pessoa e garantir que ela saiba o quanto é amada e de cuidar dos sintomas físicos e emocionais que ela apresenta. É importante estar perto e acolher o sofrimento de quem está doente, bem como o próprio sofrimento, além de dar o máximo possível de conforto.
Neste artigo, vamos dar algumas orientações de como viver o momento em que alguém que amamos pode estar perto do fim. Para saber mais, continue a leitura.
Escute e deixe a pessoa se expressar
Nesse momento difícil, é fundamental que se deixe a pessoa enferma bem à vontade para expressar todas as suas angústias, sofrimentos, dores e tudo o que o incomoda. Se ela precisar chorar, permita que chore à vontade e simplesmente abrace-a de forma demorada, demonstrando seu acolhimento, amor e apoio.
Você pode fornecer palavras de conforto, mas saiba, também, ser uma companhia silenciosa em alguns momentos, para que seu ente querido sinta-se confortável para se expressar e relatar todos os desejos que ainda tem a realizar.
É importante sempre estar disposto a ter uma escuta ativa e prestar atenção nos detalhes da fala. Seja o que for que você ouça, não critique, apenas ofereça seu apoio. Evite contrariar ou aborrecer aquela pessoa, não somente para evitar arrependimentos, como para respeitar o momento, no qual é natural que exista uma sensibilidade ou emotividade maior.
Tenha conversas honestas
Quando a família e o paciente tomam ciência de que o quadro de piora da saúde está em estagio avançado, é importante ter um diálogo aberto com o familiar. Mas isso deve ser feito com muito carinho e de forma equilibrada — nem indiferente, nem com desespero, se possível.
Seu ente querido merece a verdade, assim como merece todo o apoio que a família e todos os demais ao redor puderem dar. Elaborem os fatos juntos e entendam que é o momento de pensar em como as coisas vão ficar quando aquela pessoa partir.
Respeite a vontade do familiar
Podemos até não saber como é vivenciar isso na pele, mas com certeza sabemos que estar em um processo de finitude é extremamente difícil. É um momento que causa profundo sofrimento psíquico e físico. Uma maneira de fazer com que a pessoa sinta-se apoiada e tenha mais qualidade de vida nesse período é ouvir e procurar acolher seus desejos.
Nesse contexto, é importante que os familiares deixem claro que todas as decisões cabem àquela pessoa e que a família está disposta a respeitar o que for decidido. A rede de apoio deve ter como prioridade o bem-estar da pessoa enferma.
É importante evitar tratar a morte como um tabu e tentar desenvolver uma mentalidade de aceitação, sempre com muito diálogo e afeto.
Busque atender a pedidos, como “quero ir para minha casa” ou “quero ver tal pessoa”, “quero comer tal comida”, “quero falar com um padre” (ou qualquer outra autoridade que represente a religião seguida). Ter esses desejos respeitados pode trazer muita paz e realização para quem está gravemente enferma.
Amar é também cuidar do fim
As conversas ativas acabam conduzindo a família e o doente a pensar inclusive em rituais fúnebres, em opções de sepultamento ou cremação, em desejos finais. O momento pode não parecer propício para pensar nestas questões, mas algumas medidas podem ser antecipadas como forma de cuidado, e certamente não é o familiar doente que deve se preocupar com isso. Veja, a seguir, alguns pontos importantes que podem ser cuidados pela família.
Planos e seguros funerários
É fundamental saber se a pessoa gravemente enferma tem algum plano ou seguro funerário contratado. A cobertura de um bom plano funerário pode fazer muita diferença em um momento de tamanha vulnerabilidade. O Primaveras oferece um Plano de Assistência Funeral Preventiva, preparado para cuidar de toda a família. De uma forma adaptável aos desejos e às necessidades de cada um.
Caso não tenha, é possível pensar juntamente com outros familiares, qual seria a melhor providência a ser tomada, considerando principalmente as conversas com o familiar doente. Se a pessoa enferma se sentir à vontade para isso, é importante debater com ela e entender quais seriam seus desejos para esse momento.
Uma vez que a pessoa partir, é importante respeitar a sua vontade. Por exemplo, ela pode ter manifestado o desejo de ser cremada ou conduzida a um jazigo. Algumas pessoas pedem, também, que o rito aconteça em um local específico. Todas essas questões devem ser consideradas.
Algumas providências mais burocráticas que podem ser antecipadas são:
- pesquisar serviços funerários que atendam às condições de despedida já discutidas entre vocês;
- planejar um ritual de despedida que honre a vida e a memória do seu familiar;
- ter uma perspectiva de custo para se organizarem financeiramente.
Conversando e decidindo sobre o que fica
Conversas difíceis podem eventualmente incluir temas como bens e pertences pessoais. Nesse caso, é importante pensar sobre: distribuição informal de bens e pertences pessoais. Não é raro que as pessoas em processo de morrer pensem quem gostariam de presentear com seus pertences, seja por um valor simbólico, por um valor afetivo, ou mesmo, por uma necessidade financeira.
Para o doente, poder decidir sobre seus pertences mais significativos pode ser considerado um ato de cuidado e de amor com os que ficam, além de lhe conferir controle sobre parte da situação, já que há tão pouco controle sobre a doença e o futuro. O coração de quem é designado a receber o pertence fica aquecido pelo amor, pela lembrança e por se sentir importante para o familiar doente, ajudando inclusive no processo que se seguirá em caso de falecimento de fato. Sobre elaborar um testamento.
Veja como tratar sobre o testamento
A princípio, vale destacar que o testamento é um documento personalíssimo. Isso significa que somente o proprietário dos bens pode fazê-lo e registrá-lo. Portanto, cabe aos familiares informar ao ente querido sobre o seu real estado de saúde para que ele possa tomar suas decisões.
Para conversar sobre um tema como o testamento com um familiar que esteja gravemente enfermo, é importante respeitar o momento — afinal, pensar e falar da própria morte não é uma situação fácil para a maioria das pessoas. O ideal é que a pessoa em fase terminal escolha com quem ela quer tratar sobre esse assunto e, então, faça todos os apontamentos que quiser.
Para fazer esse documento, é importante avaliar o quadro de quem está doente para entender que tipo de testamento essa pessoa está em condições de fazer. Por exemplo, o testamento pode ser particular, fechado ou público — cada um tem as suas peculiaridades e exigências.
Tirar dúvidas sobre partilha de bens
Ao tomar a decisão de fazer uma testamento, a iniciativa sobre a divisão dos bens deve seguir as conformidades da lei. Isso significa que 50% dos bens são obrigatoriamente divididos entre os herdeiros, que são o cônjuge ou parceiro(a) de união estável e os herdeiros descendentes (filhos, netos e bisnetos).
No entanto, caso não existam herdeiros descendentes, a parte que seria destinada a eles, pode ser direcionada para os herdeiros ascendentes — os pais, avós ou bisavós. Esses 50% livres podem, ainda, ser destinados à prática de caridade, ou seja, eles podem ser doados a uma ONG, escolhida pelo doador.
Entender que uma vida está chegando ao fim certamente representa algo muito desafiador e doloroso, tanto para a pessoa enferma como para aqueles que a amam. Nesse momento, é importante que exista apoio mútuo entre todos os que estão sofrendo — e, principalmente, que você se coloque como ponto de apoio para a pessoa em fase terminal e ajude-a a ter o máximo possível de qualidade de vida, dignidade, cuidado, respeito e amor.
Esperamos ter ajudado. Para receber outros conteúdos semelhantes, assine nossa newsletter.