Apenas quando perdemos uma pessoa muito querida e próxima é que entendemos, de fato, o luto. A sensação de perda, o enfrentamento do vazio físico que a pessoa deixa e a impotência se somam a sentimentos mais profundos, como a raiva, a culpa e uma tristeza que parece que não vai cessar nunca.
Todas essas sensações são naturais nesse processo que envolve os chamados estágios do luto. Trata-se de momentos (ou fases) vividos pela pessoa enlutada desde o falecimento até a superação, que é quando o enlutado “volta” ao mundo externo.
No entanto, um engano comum se refere ao fato de acharmos que esses estágios do luto acontecem de forma linear, um após o outro, sendo possível, até mesmo, prever qual será a próxima etapa do sentimento. Na verdade, o luto é uma experiência muito pessoal, e cada um o vive de uma forma, enfrentando altos e baixos, indo e vindo de estágio para estágio. Para entender melhor, continue a leitura!
Os estágios do luto
Como dissemos, o luto é um momento bastante particular e pode variar muito tanto em intensidade quanto em período de duração para cada pessoa. Não necessariamente os mais próximos ao falecido terão um luto mais difícil, e, de forma alguma, esse luto é vivenciado de uma maneira linear e, até mesmo, lógica.
Independentemente de como esse processo ocorre, é fundamental que ele seja respeitado pela pessoa que o está vivendo e também por aquelas ao seu redor. Somente assim, será possível aceitar com mais conforto e tranquilidade a partida do seu ente querido.
No entanto, afinal, quais são esses estágios do luto e como reconhecê-lo? Veja!
A negação
Um dos estágios do luto se refere à negação do que aconteceu. Naturalmente, a pessoa não acredita que o seu ente querido faleceu. Ela crê que houve um engano, seja ele um erro nas informações do hospital (caso a pessoa estivesse internada), seja alguma informação incorreta (caso a morte seja decorrente de um acidente, por exemplo).
O estágio de negação pode, ainda, durar muitos anos, como acontece quando a morte é dada como certa, mas não há um corpo que a comprove. Nesses casos, os familiares ativam a sua defesa, acreditando que a pessoa vai voltar a qualquer instante.
Durante a negação, é comum que o enlutado não veja a realidade com clareza, busque fatos que neguem a informação que acabou de receber, isole-se ou, até mesmo, não queira nem falar sobre o assunto. A melhor forma de lidar com uma pessoa em luto nesse estágio é esperar que ela se recupere, acostume-se com a realidade e comece a reagir.
A raiva
A raiva é um sentimento comum entre os enlutados, assim como a raiva, a revolta, o ressentimento e, até mesmo, a inveja, que podem surgir para expressar o inconformismo.
Nesse momento, o enlutado pode sentir raiva do hospital onde o seu ente querido estava ou dos médicos. Pode também sentir culpa por achar que poderia ter feito mais para evitar essa partida. Além disso, pode questionar por que ele não se foi em vez da pessoa. Até mesmo Deus se torna alvo desses sentimentos e é visto como maldoso ou injusto.
Apesar de ser um estágio bastante comum, é uma situação difícil de lidar, pois são sentimentos delicados e a pessoa enlutada não quer ouvir argumentos relacionados à razão. Ela os sente e pronto.
A dificuldade de se conformar com a morte é um dos fatores que canalizam esses sentimentos. Por mais que a morte já tenha sido compreendida, o enlutado, constantemente, volta a analisar os fatos, questionar, culpar-se ou culpar outras pessoas.
A negociação
A negociação ou barganha é um estágio em que a pessoa enlutada começa a buscar meios de reverter o que aconteceu.
Sim, racionalmente falando, sabemos que isso não é possível, mas, ainda assim, os pensamentos sobre algo que possa ser feito invadem a mente, como a busca por um milagre, promessas, pactos com Deus ou outras entidades etc.
Vale lembrar que o luto não ocorre apenas em decorrência da morte: é possível ter esse sentimento de perda no final de um casamento ou, até mesmo, na ocasião de uma doença grave. São nesses momentos em que o estágio da negociação é bem comum, quando a pessoa entristecida busca reverter o ocorrido ou barganhar, a fim de corrigir o que está errado.
A depressão
Percebidos os fatos de que o seu ente querido faleceu e de que não há nenhum milagre ou combinado com entidades divinas que o trarão de volta, é comum que a pessoa expresse os seus sentimentos de tristeza. Na depressão, o choro, o isolamento e as atitudes referentes a repensar sobre a vida são bastante comuns e podem perdurar por muito tempo.
Vale lembrar que, se você estiver convivendo com uma pessoa enlutada, ao perceber essas manifestações, vale tentar dar o seu apoio, manter-se aberto à conversa e se mostrar sempre um ombro amigo. Dessa forma, com mais ajuda para superar a tristeza, a solidão e as angústias, é mais provável que a pessoa aceite a morte com mais tranquilidade.
Também é preciso ficar atento ao surgimento de uma depressão silenciosa, que ocorre quando o enlutado começa a buscar por isolamento por muito tempo, evitando voltar ao mundo exterior e às atividades mais simples do dia a dia, como se alimentar ou tomar banho. Ao perceber um comportamento prejudicial, converse com a pessoa e incentive-a a buscar ajuda médica.
A aceitação
Na medida em que o enlutado expressa seus sentimentos, o processo de aceitação da perda vai ocorrendo. A tristeza, certamente, é um sentimento que o acompanhará a partir de agora, mas ela será vivida com paz interior e transformada gradualmente em saudade. Aos poucos, será possível reorganizar a vida e retornar ao seu cotidiano.
Como dissemos desde o início, os estágios do luto não são lineares. Por isso, é normal que uma pessoa que já tenha alcançado a aceitação volte à raiva, questionando o acontecido, tenha momentos de depressão e retorne para a aceitação, por exemplo.
Por essa razão, contar com o apoio de familiares e amigos é muito importante para vivenciar esses estágios do luto de uma forma natural e saudável. Quanto mais o enlutado puder vivenciar os seus sentimentos e se apoiar nas pessoas queridas, maior será a facilidade de superar a dor.
A morte é mesmo um momento desafiador. Por isso, leia mais sobre como se preparar para o falecimento de um familiar.