O que é tanatofobia? Saiba como lidar com isso

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A morte é um tabu em nossa sociedade. Falamos pouco sobre o assunto e não lidamos com isso com naturalidade, portanto o medo, diante dessa questão, é algo recorrente. Mas e quando esse medo ultrapassa um certo limite saudável e começa a afetar o nosso dia a dia?

A tanatofobia, assim, é uma questão que exige atenção, porque pode afetar muitos aspectos da sua vida, tanto em relação à saúde física, mental e emocional quanto aos seus relacionamentos com amigos e familiares.

Mas o que é esse termo? Como isso afeta sua vida de modo geral? E como tratar essa questão? Respondemos essas dúvidas neste guia completo sobre o assunto.

Então, continue a leitura e entenda se você sofre desse problema ou se tem pessoas próximas que passam por essa questão.

O que é tanatofobia?

A palavra é formada pela junção dos termos gregos “thanato” (morte) e “phobos” (medo), portanto a tanatofobia é um medo paralisante da morte.

Sabemos que, obviamente, não há em nossa cultura uma perspectiva de encarar o momento do falecimento de forma natural, como parte do ciclo da vida, e é por isso que não falamos tanto sobre o tema ou ficamos com tanto medo desse momento.

Só que a tanatofobia pode causar, de fato, sérios problemas para a vida do indivíduo, provocando até mesmo questões de saúde mental (como crises de pânico) diante da gravidade do medo. Por exemplo, existem pessoas que passam a ter medo de sair de casa, pois acreditam que pode acontecer algo na rua e, assim, evitam se expor a essas situações.

Ainda, muitas pessoas podem se sentir desconfortáveis sobre a morte, terem receio, principalmente porque muitas vezes associa-se a morte ao desconhecido, mas isso não as afeta de forma tão grave a ponto de uma paralisia, por exemplo. Por isso, é muito importante saber diferenciar quando esse medo começa a trazer prejuízos para sua vida.

Por exemplo, alguns comportamentos comuns de quem tem tanatofobia são:

  • parar de sair de casa com medo de acontecer alguma coisa e morrer;
  • ter comportamentos extremamente protetivos consigo mesmo e com as pessoas à sua volta por receio de que algo possa acontecer;
  • comportamentos semelhantes ao de Transtorno Obsessivo Compulsivo, acreditando que realizar determinadas atividades possa evitar que um falecimento ocorra, por exemplo;
  • desespero profundo e paralisante ao ver um familiar com alguma enfermidade;
  • evitar qualquer situação que possa colocá-lo em algum tipo de risco (por exemplo, evita utilizar veículos de aplicativo porque tem medo que algum tipo de acidente possa acontecer);
  • ficar desesperado ao adoecer, com medo de que isso possa se agravar e chegar a uma situação de falecimento;
  • pavor ou pânico de participar de qualquer tipo de rito funerário;
  • não conseguir falar sobre o assunto ou estar em um ambiente no qual as pessoas estejam falando sobre morte.

Qual é a origem do medo da morte?

Mas, afinal, por que temos um medo tão grande da morte? Por que essa situação nos afeta tanto? Temos algumas razões para isso.

Como muitas fobias, uma das causas mais recorrentes está relacionada com eventos traumáticos passados. Por exemplo, se aconteceu algum rompimento passado, como a morte de alguém importante na infância, isso pode potencializar as chances de a fobia acontecer.

Contudo, há também uma possibilidade de internalização de conceitos extremos sobre a morte, que podem ser impulsionados por crenças que foram trazidas ao longo da vida.

No fundo, a origem do medo da morte está muito ligado, justamente, com o tabu que é gerado sobre o tema. Tudo aquilo que não falamos de forma natural leva nossa mente a criar inúmeras fantasias e, consequentemente, muitos medos.

Além disso, há também uma relação muito forte entre esse medo do desconhecido e a questão da perda das pessoas que amamos. Afinal, esse momento significa que não vamos mais ver nossos entes queridos, além de não termos certeza de fato sobre o que vai acontecer (exceto quando a pessoa tem uma fé religiosa que aborde o assunto, mas mesmo assim, não significa, muitas vezes, que será um momento mais tranquilo).

Vale lembrar que outros países e culturas tem uma relação muito diferente com a morte e, por isso, são regiões em que há menor incidência de casos de tanatofobia. É o caso, por exemplo, do México, país no qual a morte é vista como um momento para celebração da vida. Muitas vezes, entender e conhecer essa perspectiva pode ajudar a superar a tanatofobia.

Quais são os sintomas da tanatofobia?

Como identificar a condição de tanatofobia, diferenciando-a de um receio sobre a morte? Alguns sintomas são muito claros, o que ajuda a diagnosticar essa condição.

Um ponto claro é que a simples menção sobre morte causa um profundo desconforto a ponto de poder ser sentido no corpo, causando uma ansiedade paralisante na pessoa. Nesse tipo de situação, começam a surgir uma série de sintomas que podem ser sentidos tanto fisicamente quanto mental e emocionalmente. Vejamos a seguir:

  • sintomas físicos: sensação de palpitação e taquicardia, dor no estômago, náuseas, vômitos, dor no peito, formigamento, dormência, boca seca, sensação de que vai desmaiar, entre outros sintomas muito parecidos com pânico e ansiedade, agitação corporal quando se fala ou escuta algo sobre o assunto;
  • sintomas mentais: sensação de que pode estar a ponto de enlouquecer, sequência de pensamentos intrusivos, repetição de pensamentos de medo e angústia sobre o assunto, começa a ter uma maior dificuldade para distinguir realidade e fantasia, sensação de medo constante;
  • sintomas emocionais: vontade de fuga constante, evitação extrema de qualquer situação de risco, raiva, tristeza, sensação de culpa, sensação de estar se sentindo sufocada, entre outros.

Como a tanatofobia é diagnosticada?

Contudo, muitas pessoas podem achar que está tudo bem e não sentirem que de fato estão com tanatofobia. Ou então, diante dos sintomas, desconfie que sofra do problema. Mas como obter, então, o diagnóstico?

O primeiro ponto é realizar um acompanhamento com profissionais de saúde mental (psicoterapeuta e psiquiatra) para poder fazer um diagnóstico diferencial. Isso porque os sintomas, tanto físicos quanto emocionais, são muito semelhantes com desordens que possuem outras questões de fundo, tais como:

  • depressão;
  • TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade);
  • TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático);
  • Transtorno Afetivo Bipolar.

Os sintomas da tanatofobia podem ser confundidos, inclusive, com outras patologias neurológicas, diante da intensidade dos sintomas. Estão entre elas:

  • Alzheimer;
  • enxaqueca;
  • problema de concentração;
  • AVC;
  • esquizofrenia, entre outros.

Por que as pessoas têm tanatofobia?

Mas, afinal, por que a tanatofobia é tão comum, infelizmente, em nossa sociedade? Há uma série de questões que influenciam nisso, tanto individuais quanto sociais. Entenda!

Trauma

Um primeiro ponto que influencia bastante para o surgimento da tanatofobia são traumas relacionados à morte. Geralmente acontece com pessoas que passaram por eventos de ruptura traumáticos ou, então, que tenham visto cenas gráficas relacionadas ao assunto.

Muitas vezes, a pessoa tem ciência de qual foi o fato traumático e é possível cuidar dessas questões em psicoterapia. Em outros casos, a pessoa pode ter vivenciado essa experiência em um momento muito jovem da vida e não ter essa lembrança, e o trauma ter ficado internalizado. Da mesma forma, a psicoterapia ajuda a compreender essas questões.

Medo da perda

Outro ponto que pode mexer bastante é quando a pessoa sente um forte medo de perder seus entes queridos e não consegue lidar com a possibilidade disso acontecer de fato. Isso pode estar presente em outras áreas da vida, como o medo de fins de relacionamentos e brigas, mas pode intensificar-se ainda mais quando falamos de falecimentos, pois é mais difícil aceitar a morte.

Quadros de ansiedade generalizada

Pessoas que sofrem de quadros de ansiedade generalizada têm uma tendência de ter receios em relação a diversas questões da vida que sejam rodeadas por incertezas. Uma de suas características é, justamente, sofrer com pensamentos intrusivos, que podem recair, justamente, em questões sobre morte.

Pessoas ansiosas tendem também a ter uma maior dificuldade em lidar com questões que desconhecem, e a morte é um dos pontos que podem mais afetá-las. Afinal, não temos como saber o momento em que ela acontecerá ou de que forma.

Ao mesmo tempo, pessoas com quadros de ansiedade generalizada costumam sentir mais conforto com planejamentos precisos. Por isso, além da psicoterapia, cuidar de um planejamento funerário pode trazer um maior conforto sobre o assunto.

Questões religiosas

Outro ponto é que as questões religiosas também podem influenciar na percepção sobre a morte. Muitas delas abordam de forma complicada o momento após a morte, o que pode potencializar uma percepção ruim sobre o tema.

Isso não significa que determinadas religiões são melhores ou piores do que outras quanto ao assunto, mas sim que você deve ter um olhar mais carinhoso sobre essas questões, analisando esses discursos, caso aconteçam, por um outro prisma.

Crenças pessoais e histórico de vida

Outro ponto é que muitas questões da história de vida da pessoa podem levar a uma percepção equivocada da morte, gerando um forte medo sobre o assunto.

Por exemplo, se os seus pais sempre falavam sobre o tema com um teor de medo, terror ou, então, se você cresceu em um ambiente no qual não tinha segurança sobre questões abertas sobre o futuro, provavelmente temerá o cenário de morte.

Quadros de saúde

Muitas vezes, o medo da morte chega na vida da pessoa quando ela se encontra em um mau estado de saúde e começa a pensar na efemeridade da vida. Isso é comum em quadros de doenças graves, como câncer, ou de doenças degenerativas progressivas, ou que não tenham cura.

Nesses momentos, o sentimento de uma certa proximidade com o momento da morte pode fazer com que a pessoa passe a pensar demais sobre o assunto e, com isso, os pensamentos intrusivos podem levar a uma fobia.

Vale lembrar que situações como essa realmente podem ser preocupantes, mas há formas de lidar com a situação com a ajuda de profissionais.

Como lidar com o problema?

A tanatofobia pode estar presente na vida da pessoa desde a infância, o que significa que muitas pessoas podem não ter lembranças da vida sem esse medo. Mas saiba que é possível superar essas questões e não se sentir mais refém desse medo paralisante.

Quando a tanatofobia está em um nível ainda contornável, algumas técnicas podem ajudar você a superar os momentos em que o medo bate. Contudo, a partir do momento em que essas medidas não dão certo, é hora de buscar ajuda profissional.

Quando buscar ajuda?

Mas, afinal, quando identificar que realmente é o momento de buscar ajuda? Muitas pessoas acreditam que estão lidando razoavelmente bem com o medo da morte, mas em um determinado momento encontram-se em uma situação que prejudica sua qualidade de vida e precisam de tratamento.

Há uma analogia simples sobre o assunto: quando temos um resfriado leve, normalmente observamos os sintomas até que passe. Mas quando as coisas evoluem, ou chega a uma gripe mais forte, precisamos do suporte de um médico para cuidar do quadro. O mesmo vale para o medo de morrer.

Sentir um desconforto leve, mas ainda conseguir lidar com o assunto, ou ficar triste com a ideia de nossos entes queridos falecerem, mas sem que isso cause uma paralisia, é uma questão leve e ainda não demanda necessariamente ajuda profissional.

É claro que se você quiser lidar com a morte de forma mais leve, poderá contar tanto com o auxílio de psicoterapia para falar sobre o assunto e buscar formas de lidar melhor com isso quanto também estudar e conhecer mais sobre filosofias e estilos de vida que trazem novas perspectivas sobre o assunto.

Mas se você percebe que, ao falar sobre morte, seu impulso é sair correndo, sente os sintomas físicos que listamos, ou se você não consegue lidar emocionalmente com a possibilidade de perder seus entes queridos, pode ser necessário investir, nesse momento, em um tratamento antes que comece a passar por problemas como fobia em sair, deixar de realizar algumas ações, ter quadros de pânico, entre outros.

Qual profissional buscar?

Ok, mas qual profissional é preciso buscar quando há uma suspeita de tanatofobia? Os mais indicados são os psicoterapeutas e, quando há manifestação de questões que precisam de medicação (como depressão, ansiedade e pânico), um psiquiatra.

Contudo, você pode buscar auxílio também de outras formas para lidar melhor com a morte. Quer saber mais sobre como é possível isso? Vamos dar algumas sugestões a seguir.

Mas lembre-se de que essas outras formas são complementares e não substituem a atuação com os profissionais preparados para este tipo de ação, ok?

Grupo de enlutados

Muitas vezes, a tanatofobia surge, justamente, após a perda recente de uma pessoa querida e, nesse momento, é comum que a pessoa queira se isolar e não buscar auxílio, principalmente para falar sobre o assunto.

Os grupos de enlutados têm o papel não só de oferecer conforto aos presentes para ajudar a lidar com o tema a curto prazo, mas também para ajudar na própria compreensão sobre a morte em si. Por isso, se você está passando por esse momento, pode ser uma opção interessante.

Grupo de pacientes com tanatofobia

grupos de apoio específicos para pacientes com tanatofobia, no qual as pessoas compartilham suas experiências, como têm lidado com o assunto, entre outros pontos importantes. Nesse caso, você poderá aprender técnicas e formas para lidar com o momento e, também, sentir que esse é um quadro que não afeta apenas você.

Essa compreensão de que não está só em um momento delicado (como as perdas na rotina gerados pela tanatofobia) gera uma forte sensação de acolhimento, algo fundamental para conseguir trabalhar com essa questão e superá-la.

Grupos de estudo sobre morte

Algumas universidades realizam estudos recorrentes sobre a morte por diversas perspectivas, como filosofia, religião, psicologia, psiquiatria, história, sociologia, medicina, entre outros, e muitos deles trazem uma perspectiva para leigos e, assim, você pode ir lá para compreender como outras culturas lidam com isso, como o assunto foi tratado ao longo da história, como a área de saúde trata o assunto, entre outros pontos.

Com outras perspectivas, você pode adotar uma delas para sua vida e, assim, começar a amenizar o medo da morte em conjunto com as terapias que falamos antes.

Grupos que fazem estudos sobre assuntos relacionados com a morte

E há também algumas filosofias que falam sobre a importância do momento presente e de focar no aqui e agora, o que pode ajudar tanto na própria compreensão sobre a morte quanto oferecer ferramentas para lidar com momentos em que a angústia bater.

Um dos grandes exemplos é o zen budismo como filosofia de vida. Muitas das questões trazidas nos ajudam a refletir sobre a importância de evitar sofrimentos por excesso de pensamento no futuro sobre questões que, objetivamente, podem não vir a acontecer.

E, além disso, o budismo também tem uma perspectiva de autoconsciência por meio da meditação. Mas mesmo que você não opte pela meditação, esses ensinamentos ajudam a olhar mais para si e compreender o que leva você a sentir esse medo tão forte sobre a morte, o que também ajudará a lidar melhor com o assunto.

Apoio de pessoas próximas

Ter o suporte de pessoas próximas, sejam familiares ou amigos, é importante para ser acolhido e lidar com essas questões. Afinal, essas pessoas conhecem você bem e, assim, você terá maior confiança para lidar com suas emoções e dividir esse medo.

Com esse apoio, você sentirá maior conforto para lidar com a situação, portanto dê preferência para conversas com pessoas que tenham passado por situações parecidas e que poderão ajudar você de forma mais empática nessa situação.

Como é o tratamento da tanatofobia?

A tanatofobia é um quadro que pode ser revertido também com os tratamentos adequados. Em alguns casos, nos quais há o comprometimento da funcionalidade da rotina, pode ser necessário realizar acompanhamentos mais precisos, até mesmo com medicação, para ajudar a pessoa a superar esse momento e ter um retorno das habilidades e funcionalidades no dia a dia.

Alguns dos tratamentos mais utilizados nesse caso são:

  • medicamentos anti-ansiedade, que podem ajudar a minimizar as crises de ansiedade que o medo da morte pode gerar;
  • psicoterapia;
  • grupo de apoio a pessoas enlutadas;
  • psicanálise;
  • meditação;
  • mindfulness;
  • Programação Neurolinguística, entre outras.

Por meio da psicoterapia é possível, por exemplo, identificar o que está na base desse medo da morte e, assim, realizar todo um trabalho para que seja possível contornar essa situação. Por exemplo, se isso vem de um medo de questões desconhecidas, a psicoterapia pode oferecer ferramentas para minimizar o desconforto sobre o assunto e, assim, encarar o medo da morte com menos peso e trazer um pouco mais de leveza a cada dia.

Ao mesmo tempo, os profissionais podem ajudar na racionalização de como o medo é infundado e, assim, auxiliar você a retomar a rotina pouco a pouco e ter mecanismos capazes de ajudar a lidar com os momentos em que o medo bater.

Por exemplo, técnicas de respiração e meditação podem ser muito interessantes nos momentos em que os pensamentos intrusivos sobre o assunto começam a aparecer. Com isso, você consegue não se fixar nessas ideias, fazendo com que elas passem e não tenham o mesmo peso para você.

A tanatofobia é, infelizmente, um problema relativamente comum e isso acontece, muitas vezes, por uma questão cultural. Ao entendermos a morte como algo que faz parte da vida, isso realmente vai começando a perder o peso e passamos a lidar com essa situação com maior naturalidade e menos medo.

Mas ser comum não significa que não mereça atenção, muito pelo contrário! Se você percebe que esse medo está prejudicando sua vida ou tem deixado de fazer coisas que gostaria, busque ajuda! É totalmente comum passar por isso e você pode recuperar o seu bem-estar com a ajuda certa. Por isso, não deixe de buscar auxílio, ok?

Conhece mais pessoas que passam pelo problema? Então, compartilhe este post em suas redes sociais e ajude a levar conforto para essas pessoas.

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