Você já ouviu falar em doulas da morte? Veja aqui quem são!

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Quando uma pessoa está perto do fim da vida, seja por idade, seja por problemas de saúde, é natural que desenvolva alguma ansiedade sobre o assunto. Por isso, existem mais recursos para garantir a assistência necessária a qualquer um que passa por esse período, tanto física quanto emocionalmente. Um bom exemplo disso são as doulas da morte.

O nome até lembra algo místico, como de uma lenda ou ritual antigo. Porém, na verdade, é apenas mais uma profissão destinada ao cuidado das pessoas que mais precisam. Nesse caso, daquelas que estão mais perto da morte. Acompanhe e conheça mais sobre as doulas da morte, seu papel, sua origem e a importância dessa função.

A origem das doulas da morte

Também chamadas de “doulas do fim da vida”, as doulas da morte são profissionais de cuidados especializadas em pessoas que estão prestes a morrer, seja por doença terminal, seja por velhice. O termo “doula” é mais usado como sinônimo de “parteira”, que é a pessoa que auxilia a mãe durante a gestação e a preparação para o nascimento do bebê.

A doula da morte segue o mesmo princípio, mas prepara seu paciente para a morte. Enquanto profissão, ela ainda é bem pouco regulamentada, pois só passou a ganhar maior reconhecimento nos últimos anos. No entanto, já está em vias de ser oficializada como parte dos serviços de cuidados.

O trabalho das doulas da morte

Essa função não substitui qualquer outra já envolvida nos cuidados paliativos, apenas as complementa. Enquanto médicos, enfermeiros e cuidadores continuam garantindo o maior conforto ao paciente, a doula da morte o ajuda com assistência emocional e espiritual, às vezes auxiliando no planejamento do funeral e na realização dos últimos desejos.

Por esse motivo, suas tarefas acabam não sendo tão específicas, uma vez que o processo varia de paciente para paciente. Algumas focam em ajudar o paciente a manter uma rotina, enquanto outros casos exigem mais conversa e reflexão. Porém, já existem cursos disponíveis no Brasil que preparam alguém para atuar nessa área.

Em geral, a doula da morte deve ser paciente, atenta e cuidadosa com as palavras. Afinal, ela trabalha com pessoas que estão em uma situação bem delicada. A morte ainda é um grande tabu em diversos ambientes, o que pode dificultar sua abordagem. Por isso que essa profissional deve estar disposta a esperar o tempo do paciente.

O cuidado necessário para quem chega ao fim da vida

Considerando todo o estresse e a ansiedade que a morte já causa quando é algo distante, ela pode se tornar ainda mais difícil de lidar quando alguém está vivendo seus últimos dias. Nesse contexto, o cuidado prestado pelas doulas da morte tem um papel muito importante no bem-estar dessas pessoas. Entenda alguns dos seus principais pontos de contribuição.

Lidar com a solidão durante a velhice

Boa parte da população idosa no Brasil vive seus últimos anos de vida sozinha ou com poucos familiares próximos. Um resultado natural de como a cultura mudou para focar mais em pequenos núcleos familiares e menos em comunidades. Como resultado, muitos idosos sentem uma profunda solidão no fim da vida.

Mesmo com a presença de familiares e amigos, nem sempre esse sentimento pode ser evitado, especialmente se essa pessoa é de idade bem avançada e já perdeu várias outras pessoas queridas. A doula, aqui, também tem a tarefa de ajudar a processar esses sentimentos e diminuir a angústia e a solidão.

Partir sem arrependimentos

Outra tarefa que a doula da morte realiza é auxiliar na realização dos desejos finais do paciente. É quase impossível fazer tudo o que se quer ao longo de uma vida — ela nunca parece ser o suficiente. Contudo, ainda é possível estabelecer suas prioridades e garantir que elas sejam cumpridas.

Com a ajuda da doula, o paciente pode refletir sobre seus desejos e pensar em quais deles são mais importantes. A partir disso, pode definir como alcançar esses desejos ainda em vida.

Minimizar as dores

Justamente pela morte ser um grande tabu em nossa cultura, muitas pessoas evitam o assunto, mesmo nas horas mais importantes. O resultado disso é que muita gente não sabe como reagir quando chega o momento. É verdade que não há uma “forma certa”, mas também é essencial aceitar esse fato antes que ele venha à tona.

O simples fato de alguém buscar cuidados paliativos já é um sinal de aceitação, mas é apenas um primeiro passo. A doula da morte também deve continuar a conversar com o paciente, para que ele expresse esses sentimentos complicados e esteja mais bem preparado para o momento.

A importância de cuidar do luto

A morte não afeta apenas as pessoas que partem, mas principalmente as que ficam. Mais do que qualquer coisa, todas as práticas e os rituais envolvidos com o fim da vida são feitos para os vivos se despedirem. Confira, a seguir, alguns exemplos da importância de cuidar das famílias em luto.

Preparar a família para a perda

Da mesma maneira que muitas pessoas não querem falar sobre a própria morte, também é difícil discutir o assunto com a família. A maioria não quer pensar que está prestes a perder um ente querido. Porém, assim como é necessário aceitar o fim da vida antes que ela acabe, todos precisam aceitar a partida de alguém antes que o momento chegue para facilitar o processo de luto.

Ajudar a processar a dor

Cada pessoa vive o luto de forma diferente, reagindo com várias emoções e encontrando seu próprio modo de responder a elas. Cuidar do luto é também cuidar dessas dores e desses sentimentos, para que sejam processados, compreendidos e, acima de tudo, aceitos sem preconceito.

Construir uma rede de apoio

A solidão é outro fator que pode agravar os sentimentos desse momento e levar ao luto prolongado. Por essa razão, é fundamental não apenas falar sobre o assunto com a família, mas também construir uma rede de apoio mútua, em que todos podem se expressar e encontrar conforto.

Agora você sabe um pouco mais sobre as doulas da morte e seu papel. Apesar de ser uma função recente, ela já tem grande importância para quem está em condições delicadas e precisa encontrar bem-estar no fim da vida.

Quer saber mais sobre o tema? Então, confira também nosso artigo sobre os estágios do luto.

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