Saiba como funciona o processo de doação de órgãos no Brasil

A doação de órgãos no Brasil é referência mundial, tanto pelo alto número de doadores quanto pela prevalência da rede pública nos procedimentos. Somente os EUA realizam mais transplantes do que o Brasil, sendo que lá não existe um sistema público de saúde como o nosso.

Isso possibilita que muitas vidas sejam salvas e também que seja possível oferecer longevidade e qualidade de vida a pacientes que, em muitos casos, têm nos órgãos doados a sua última esperança. Mas, mesmo com tantos procedimentos sendo realizados, a população ainda tem muitas dúvidas sobre alguns aspectos importantes dessa prática.

Neste conteúdo, explicaremos os pontos mais relevantes sobre a doação de órgãos para que você tenha mais tranquilidade, caso precise tomar essa decisão por algum ente querido. Além disso, você entenderá o que precisa fazer para se declarar um doador. Continue a leitura!

O que é a doação de órgãos?

A doação de órgãos é o procedimento por meio do qual se transplanta um órgão, ou parte dele, de uma pessoa para outra. Isso é feito quando, por qualquer motivo, é impossível ou improvável recuperar o órgão de um determinado paciente e há a disponibilidade de outro saudável ou em melhores condições de alguém com morte encefálica declarada, por exemplo.

Antes do velório e do enterro ou da cremação, os órgãos são retirados e transportados rapidamente até os pacientes que estão aguardando em uma fila única gerida pelo SUS. Para que o procedimento seja realizado, é preciso que sejam analisados inúmeros critérios de compatibilidade, que vão desde o tamanho dos órgãos até o tipo sanguíneo dos pacientes, entre outras características específicas na fisiologia deles.

Qual a sua importância?

Por meio do transplante de órgãos, é possível dar uma nova oportunidade para as pessoas, devolvendo a elas algumas de suas capacidades físicas mais importantes. Em alguns casos, só a substituição de um órgão que esteja irremediavelmente comprometido poderá fazer isso.

As córneas são um exemplo de órgãos que são doados com frequência e que transformam a vida dos transplantados. Eles podem recuperar ou adquirir a capacidade de enxergar plenamente. Imagine o quanto isso é benéfico e como pode ser importante para alguém poder desfrutar do sentido da visão.

Quais os tipos de doadores?

A doação pode acontecer tendo uma pessoa falecida ou viva como doadora. No caso das pessoas vivas, a doação só pode ocorrer quando é transplantada apenas uma parte do órgão do doador. Vejamos quais são os dois tipos de pacientes que podem fazer a doação de órgãos no Brasil.

Vivos

As pessoas vivas podem doar órgãos e tecidos, mas apenas para cônjuges ou parentes até o quarto grau. Além disso, é preciso que elas sejam plenamente capazes juridicamente, que a doação não acarrete risco desproporcional à sua vida e que seja indispensável.

Essa modalidade só é permitida porque existem órgãos dos quais é possível retirar apenas um pedaço, como a pele e o fígado, e eles são capazes de se regenerar completamente. Além disso, há o caso dos pulmões e dos rins, que temos em duplas. É possível sobreviver de forma relativamente normal com apenas um deles. Há, ainda, a medula óssea, que também é considerada um órgão, e que é extraída praticamente sem consequência nenhuma para o doador.

Falecidos

Já no caso das pessoas falecidas, não existem as mesmas restrições, uma vez que a pessoa já não poderá mais usufruir dos seus órgãos. Nesses casos, podem ser doados todos os tipos de órgãos e tecidos, desde que haja o consentimento da família e a compatibilidade necessária com o paciente recebedor.

É possível que a pessoa, ainda em vida, obviamente, manifeste o seu consentimento ou a proibição para a doação dos seus órgãos. Não havendo essa informação, fica sob responsabilidade dos familiares a decisão de permitir o transplante.

Como se dá a doação de órgãos de pessoas falecidas?

É preciso compreender que a doação de órgãos de pessoas falecidas só é possível quando há apenas a morte encefálica. Isso porque, após as paradas cardíaca e respiratória, a deterioração dos órgãos e tecidos acontece rapidamente, impedindo o procedimento. Vamos entender melhor como isso funciona.

Morte encefálica

O cérebro possibilita o controle das nossas funções físicas e é onde reside a nossa alma. É possível que alguém ainda esteja vivo, com a ajuda de aparelhos, mesmo após a morte desse órgão, mas sem que seja possível voltar à consciência. A morte encefálica é declarada quando há o diagnóstico da perda completa e irreversível de suas funções.

Diagnóstico

O diagnóstico deve ser feito por um médico especializado e é preciso que seja embasado em diversos exames. Entre eles, estão a medição da circulação sanguínea no cérebro e a medição de inatividade e da ausência de reflexos cerebrais. Os exames e a análise clínica devem demonstrar que apenas os aparelhos mantêm os demais órgãos em funcionamento, dando a certeza de que o paciente está tecnicamente morto.

Como se tornar um doador?

De acordo com a legislação brasileira, ainda que haja a permissão expressa do doador em vida, apenas os parentes até segundo grau podem dar a última palavra para autorizar a doação. Ou seja, os familiares têm pleno direito de decidir se autorizam ou não o procedimento, independentemente da vontade da pessoa falecida.

Se você quer que seus órgãos sejam doados, é muito importante que você converse com as pessoas da sua família e faça-as compreenderem, de forma inequívoca e irrevogável, a sua vontade, para que elas possam fazê-la valer após o seu falecimento.

Com os métodos científicos atuais, é possível saber com muita certeza que ocorreu a morte encefálica de uma pessoa e que seu estado é irreversível. Assim, a não ser que haja razões de convicção própria, não há motivos para que os órgãos de alguém não sejam doados.

Como você viu, a doação de órgãos no Brasil dá exemplo para o mundo e leva esperança a milhares de pacientes. É, no entanto, uma decisão muito representativa e difícil no momento do falecimento de um ente querido. Então, faça uma reflexão considerando a vontade dele e a diferença que isso poderá fazer na vida de outras pessoas.

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