Luto prolongado: descubra como impacta a saúde mental

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Você já ouviu falar sobre o luto prolongado? Em poucas palavras, ele significa um enlutamento que perdura muito além do esperado, em que a pessoa não aceita bem a perda do ente querido e há uma vivência (frequente e, muitas vezes, intensa) de diferentes reações emocionais e psicológicas.

Essas reações acabam afetando a saúde mental do indivíduo e, consequentemente, deixando-o menos funcional e mais desadaptado para lidar com a rotina. Inclusive, há casos em que esse o luto prolongado se torna um transtorno mental — já reconhecido na CID 11 (com o código 6B42) — ou que desencadeia o surgimento de outros (como a depressão.

Por conta de tudo isso, trouxemos alguns dos principais sinais do luto prolongado. Continue lendo para saber quais são eles e como identificá-los!

Quais são os sinais do luto prolongado?

A seguir, mostramos o que costuma acontecer com quem vivencia um longo período de luto.

Baixa autoestima

Começamos com a baixa autoestima. Em razão do tipo de luto que vivenciam, as pessoas acabam deixando o autocuidado de lado. A princípio, isso passa despercebido e não traz complicações. Porém, depois de certo tempo, a falta de vaidade, de cuidado consigo e de demonstração de amor-próprio começa a ficar mais evidente e a chamar a atenção de familiares e amigos.

Como resultado, a postura gera comentários e até medidas de intervenções de quem está ao redor que fazem com que o indivíduo se sinta mal e comece a nutrir uma baixa autoestima. Mas não acaba aí. Ele também sente uma sensação muito forte de desvalor.

Desmotivação generalizada

Facilmente um dos sinais mais perceptíveis no luto prolongado, a desmotivação generalizada começa devagar e vai crescendo dia após dia. No início, ela é explicada pela notícia da perda, pelo registro de óbito e pelo envolvimento da pessoa com velório, ritos religiosos e enterro/cremação.

Porém, logo se torna perceptível que a falta de interesse é muito mais profunda e duradoura, de modo que o enlutado não tem vontade de ir ao emprego, de se exercitar, de se alimentar, de conversar etc. Há, inclusive, quem passe a maior parte do tempo dormindo ou simplesmente deitado por causa da desconexão com as atividades do cotidiano.

Dificuldade em realizar planos

Em grande parte pela desmotivação e pela energia gasta com o processamento da perda, a pessoa se vê diante de uma rotina da qual não dá mais conta. O mais grave é que ela se sente incapaz de planejar tarefas futuras, e o principal: de realizar essas atividades.

Isso gera um impasse significativo na vida dela. Afinal, afeta a forma como estuda, trabalha, se relaciona com familiares e amigos etc. Alguns indivíduos chegam a se ver totalmente inaptos a organizarem o próprio futuro. Até mesmo a ideia de pensar em um amanhã no qual o ente falecido não faz parte é algo inviável.

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Fragilidade emocional

O enlutado se torna mais sensível a coisas que remetem à pessoa falecida, tendo crises de choro, mal-estar e sensação de desespero e desamparo. Essas reações acontecem, por exemplo, quando vê uma foto do indivíduo que partiu, assiste a um programa do qual ele gostava ou nota a ausência dele dentro de casa.

Além disso, a pessoa de luto costuma passar por períodos em que vivencia sentimentos confusos e até conflitantes. Isso porque, à medida que tenta compreender o porquê da perda e que ela é irreversível, ela acaba sofrendo bastante. Assim, a pessoa fica “presa” a uma constante negação, na qual evita falar ou mesmo pensar no ocorrido.

Solidão

A depender do parentesco e, principalmente, da ligação do enlutado com quem faleceu, é possível observar que a pessoa é tomada por uma sensação de solidão muito intensa. Ela sente como se tivesse perdido tudo, não tivesse mais com quem contar e a quem recorrer nesse momento de dor, reflexão e mudanças tão significativas.

Esse sentimento repercute diretamente na capacidade de socialização da pessoa, que começa a apresentar dificuldades para se relacionar, se vincular a quem ama e até mesmo se comunicar com os outros. É por isso que, em um período de luto prolongado, muitos se isolam intencionalmente e vão cortando o contato com pessoas mais próximas.

Desregulação do sono

Outra complicação recorrente do luto prolongado é a desregulação do sono. A pessoa não consegue mais dormir na hora em que costumava se deitar, passa bastante tempo se revirando na cama, acorda uma ou mais vezes durante a madrugada, troca o dia pela noite etc.

Por esse motivo, ela vai cada vez menos dando conta das obrigações diárias, principalmente dos afazeres domésticos e dos cuidados com a própria saúde. Não raramente, essa desregulação está relacionada com os outros sinais que descrevemos.

Isso porque, justamente na hora de dormir, o indivíduo entra em um ciclo sem fim de autoavaliação. Um momento no qual se culpa por não ser mais proativo e se sentir emocionalmente instável, tem pensamentos negativos recorrentes sobre si e fica angustiado por se sentir só e perder o interesse nas coisas das quais tanto gostava.

Como superar esse momento difícil?

Como você viu, o luto prolongado traz diversos impactos para o bem-estar emocional e psicológico. Efeitos que não só a pessoa que os vivencia percebe, mas também quem está ao redor — que, muitas vezes, se preocupa e não sabe como agir diante da situação. Sendo assim, é fundamental se cercar de uma rede de apoio sólida (que pode ser de familiares e/ou amigos) e fazer acompanhamento psicológico nesse período.

Realizar rituais de despedida também é um bom investimento. Afinal, eles ajudam a assimilar o falecimento do ente querido, a proporcionar um adeus e a compreender o luto como uma reação natural à perda — não algo que deve ser evitado, adiado ou que seja motivo de vergonha.

Se você tem vivenciado um luto prolongado, ainda pode contar com o programa de Apoio ao Luto, promovido pelo Grupo Primaveras, que é pensado justamente para esse processo de despedida. Quer saber mais sobre a iniciativa? Então acesse a página do Apoio ao Luto e veja como se inscrever para fazer parte dos encontros!

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