O fim de ano que não é esperado

Muitas propagandas mostram famílias reunidas e felizes, mostram o brilho das luzinhas em boa parte da cidade repleto de enfeites natalinos nos comércios. O Natal e o Ano Novo podem ser datas que trazem muita alegria para alguns, mas também, muita saudade para outros, especialmente para as famílias que viveram uma perda. Quantas vezes ecoa a pergunta, será ninguém pensa em quem está em luto? A cicatrização é um processo que leva tempo e cada pessoa me tem o seu, já pensou em como você está para esse final de ano?

Para quem está lidando com um luto, a celebração do Natal se mostra cheia de contrastes: a presença de familiares e amigos com a ausência de quem não pode mais estar entre eles; a alegria da reunião, das conversas e dos abraços com a tristeza da falta; a esperança de um novo ciclo, com a sensação de falta de futuro.

A verdade é que o Natal e o Novo Ano vão existir, mesmo quando a vontade é de pular estas datas no calendário. Se não podemos apagar as datas, que elas existam de forma que possa fazer escolhas, por isso, nosso conselho para essas datas são:

Você tem direito de NÃO estar bem.

Compreenda a si mesmo e conseguirá respeitar seu luto, se fazendo ser respeitado quando souber explicar que o “dentro” e o “fora” de você, estão desorganizados e até contraditórios ao clima desse momento.

Você tem o direito de FICAR bem.

Muitas vezes sentimos que ficar bem, sorrir, celebrar, pode ser uma traição ao amor que ainda sentimos por quem não está presente. Ao contrário, estar bem também pode ser uma forma de honrar quem se foi, pode ser uma forma de dizer “levarei sua história por onde eu for e viverei para isso”.

Se pergunte, as tradições são realmente necessárias?
Escute seu coração.

Não se prenda à grandes reuniões, se sua alma pedir um pequeno grupo de amigos, não se prenda as ceias oferecidas se hoje o que lhe serve é apenas uma xícara de chá ou café. Que sejam sorrisos tímidos, se assim couber, que sejam poucas conversas, se o silêncio for necessário. Faça o Natal do seu jeito, com os seus limites e com a sua cara. Se permita demonstrar o que sente.

Comemore (co-memore).

Há um certo incomodo com a palavra “comemorar” ou “celebrar” porque imaginam que isso só se refere a alegria, mas comemorar é também “memorar junto”, por isso faz todo sentido “co-memorar”, lembrando juntos da pessoa que faleceu. Quando falamos em celebrar, não estamos celebrando a morte, mas sim a vida daqueles que nós amamos e não estão presentes em vida.

É possível aprender com a saudade, principalmente a conviver com ela.

A morte também nos ensina. Com ela aprendemos a aproveitar melhor cada momento e as pessoas que nos rodeiam. Deixe a saudade de quem se foi te ensinar a viver intensamente aqueles que ficam.

Lembre-se, você está aqui e embora não perceba tal importância queremos que saiba que nós permanecemos alertas para que não esteja sozinho.