Perder um filho é, sem dúvidas, uma das maiores dores que uma mãe pode vivenciar. E não é preciso que esse filho tenha nascido para que a mulher sofra o luto intensamente.
A chamada perda gestacional acontece quando a mãe perde o seu bebê em algum estágio da gestação — ainda que nas primeiras semanas, mesmo antes de o coraçãozinho começar a bater.
Mas, apesar de o luto existir sim, tanto para a mulher que tem a sua gravidez interrompida quanto para o pai e também os familiares, há algumas pessoas que subestimam esse sentimento.
Vamos falar mais sobre a perda gestacional neste artigo. Se você é uma mamãe enlutada ou conhece alguma família que está vivenciando esse momento doloroso, esperamos ajudar!
O que é a perda gestacional?
Em termos médicos, a perda gestacional ocorre quando o feto tem menos de 20 semanas ou é menor do que 500 gramas. Existe ainda o termo “perda gestacional tardia”, que caracteriza o falecimento do bebê após 24 semanas de gestação.
Os motivos para que esse tipo de perda aconteça são inúmeros e vão desde malformações genéticas incompatíveis com a vida até doenças sofridas pela mãe, bem como traumas físicos e psicológicos.
Quais são as principais dificuldades enfrentadas pela mãe e pela família enlutadas?
Certamente, a interrupção do sonho de ser mãe daquela criança é uma das grandes dificuldades desse momento. Não importa se a mulher já tem outros filhos — cada um deles é único, e essa foi uma vida interrompida.
Não bastasse essa dor por si só, muitas mulheres ainda carregam consigo a culpa. Assim que a perda gestacional é confirmada, é comum que elas questionem se fizeram alguma coisa de errado: seria um alimento ingerido sem saber que faria mal? Ou talvez aquele banho de piscina?
Neste momento, queremos dizer a todas as mamães em luto que não se culpem. Há pessoas que encontram na religião ou na ciência os motivos para que a perda tenha acontecido — e nenhum deles está relacionado à culpa da mãe.
Outro grande desafio desse momento é ter que lidar com apoios controversos. Muitas pessoas que não vivenciaram essa dor podem subestimar a perda desse bebê, afirmando que, afinal, ele nem havia nascido. Apesar de serem comentários difíceis de ouvir, tente não absorvê-los e, se preciso, afaste-se por um tempo dessas pessoas.
O bebê era, sim, real e foi celebrado desde o primeiro teste positivo. A família celebrou a sua chegada, fez planos, talvez já tivesse escolhido o nome e comprado roupinhas. Assim sendo, o melhor a fazer é acolhê-la.
Outro comentário que machuca igualmente é: “vocês são jovens, já já tentam de novo”. No entanto, cada filho é único e, ainda que o casal engravide novamente em breve, o trauma e o luto da perda gestacional vão permanecer por toda sua vida.
A necessidade de enterrar o filho
A partir das 20 semanas de gestação, em nosso país é obrigatório sepultar ou cremar o bebê. O processo é semelhante ao sepultamento de qualquer pessoa e deve ser feito em cemitério, com o atestado de óbito emitido e demais trâmites.
São muitas informações com as quais os pais têm que lidar em pouco tempo — e passar do estágio da celebração de uma nova vida para a dor da morte pode ser muito difícil. Se você conhece alguém que esteja enfrentando uma perda gestacional, ofereça todo o apoio que puder, inclusive em relação às necessidades burocráticas.
Como lidar com esse luto?
Vivenciar a perda de um bebê que estava sendo gerado pode despertar na mãe, no pai e nos familiares um processo de luto como qualquer outro. Dessa forma, cada pessoa vai viver esse processo de uma maneira muito particular — e isso precisa ser respeitado, tanto pela própria pessoa enlutada quanto pelas pessoas que estão convivendo com ela.
Se você perdeu o seu bebê, acolha-se e permita-se viver essa perda. Se já montou o quartinho e comprou as roupinhas, por exemplo, dê o seu próprio tempo para decidir o que fazer com eles (como doar ou guardar para um próximo filho, se for esse o seu desejo).
Vale lembrar que existe uma legislação para as trabalhadoras que sofreram abortos. A partir da 23ª semana de gravidez, por exemplo, a mulher tem direito à licença-maternidade. No caso de uma gravidez interrompida antes desse período, a mamãe tem direito a 14 dias de afastamento.
Independentemente da sua realidade e regime de trabalho, tire um tempo para processar tudo o que aconteceu, vivenciar essa perda e também permitir que o seu próprio corpo se recupere.
A importância da família nesse momento
Sentir-se amada, acolhida e não culpada é fundamental para que a mulher viva o seu luto de uma forma tranquila e respeitosa. Ter ao seu lado as pessoas queridas e de sua confiança pode ajudar bastante, tanto nos aspectos mais práticos do dia a dia (como fazer compras no supermercado) quanto para apenas ser um ombro e um ouvido amigo se ela precisar.
Portanto, se você está sendo esse apoio para alguém, lembre-se de que o respeito é essencial. Muitas frases podem mais atrapalhar do que ajudar, e a mamãe enlutada pode sentir a sua dor subestimada. Na dúvida, espere que ela fale, abra espaço para que ela se sinta confortável e acolhida.
Não busque culpados — e não ajude a família enlutada a fazer isso. É preciso compreender que fatalidades acontecem, infelizmente. Mas também não cite aquele casal famoso que igualmente passou por isso, como se a dor de um fosse minimizar a do outro.
A perda gestacional precisa ser vista com a importância que ela tem. Não é como se ela não existisse porque a criança não chegou a nascer. Ela existe, assim como a dor e o luto das pessoas envolvidas, especialmente a mãe e o pai.
Por fim, saiba que existem muitos grupos de apoio formados por famílias que vivenciaram essa perda. Em um momento oportuno, se você se sentir confortável, vale a pena procurá-los.
Além disso, também há bastante material disponível para ajudar a lidar com o luto. Confira, por exemplo, alguns livros que abordam o assunto!
A pouco mais de 1 ano eu e minha esposa perdemos nosso filho com 20 semanas de gestação, gostaria de receber mais informações sobre este tema para que eu e minha esposa possamos conviver com a perda, pois estamos em depressão.
Olá, Emerson
Gostaríamos de expressar nossos sinceros sentimentos pelo falecimento do seu filho 😔 e nos colocar a inteira disposição para ajudá-lo no que for necessário sempre.
Temos diversos materiais aqui que podemos compartilhar com você, também temos o nosso Dia do Acolhimento, que acontecem todos os últimos sábados de cada mês. Venham e recebam através deste evento acolhimento espiritual e psicológico para sua jornada do luto.
Vamos encaminhar nosso material através do seu e-mail galhiardo…@gmail.com.
Um forte abraço!
Grupo Primaveras 💚
Olá boa tarde !
Infelizmente passamos por uma perda gestacional em dezembro/2022, foi a pior experiência da minha vida, a falta de humanidade da parte dos médicos me feriu muito… Estou lidando com isso cada dia, tem dias que estou bem, mas tem dias que são terríveis.. choro muito…
Lidar com os comentários desnecessário é bem complicado, fico procurando um motivo, o que causou a morte da minha filha… Mas eu creio que Deus tem o controle de tudo, que Ele tem cuidado de nós em todos os momentos.
obrigada por compartilhar essa matéria, esse assunto deveria ser mais falado já que infelizmente é comum (normal não) mulheres perderem seus bebes.
abs!
Olá, Tamires
Gostaríamos de expressar nossos sinceros sentimentos pelo falecimento sua filha e nos colocar a inteira disposição para ajudá-la no que for necessário sempre.
Realmente não conseguimos mensurar tamanha dor sentida, porém podemos tentar ameniza-la o máximo possível… Temos acompanhamento psicológico exclusivamente voltados para a dor do luto, eles ocorrem no último sábado de cada mês (excepcionalmente em janeiro não teremos o Grupo de Apoio). Um ótimo exercício para quem está passando por esse processo doloroso.
Aqui nesse link: https://www.primaveras.com.br/apoio-ao-luto/ você conhece um pouco mais sobre esse trabalho, e já consegue se cadastrar para os encontros futuros. Será um prazer recebê-la em nossas próximas reuniões.
Tenha um ótimo dia,
Grupo Primaveras 💚