Shivá: conheça como funciona o luto no judaísmo!

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Toda vez que ocorre um rompimento de um vínculo importante, as pessoas procuram por uma forma de lidar com a perda sem gerar muitos desgastes emocionais. À procura de valorizar o bem-estar dos fiéis, algumas religiões têm suas maneiras de conduzir esse momento com foco nos dogmas que carregam. É o caso do Shivá no judaísmo.

Como bem sabemos, os impactos do luto na rotina dos indivíduos são muitos. Principalmente quando a pessoa que morreu fazia parte do nosso cotidiano. Entretanto, como toda religião tem uma forma diferente de ver a partida, cabe a todos tornar respeitosa tal ocasião e lidar com o luto de uma forma mais saudável.

Portanto, vamos explorar mais sobre este assunto nos tópicos abaixo. Você aprenderá não só sobre a origem desse termo como outras questões corriqueiras no âmbito judeu. Diante disso, permaneça conosco e tenha uma boa leitura!

O que é e qual é o propósito do Shivá

Antes de mais nada, é interessante apontar o significado da palavra. Shivá quer dizer “sete” em hebraico. Contudo, trata-se de uma obrigação religiosa que fortalece os laços comunitários e permite que todos tenham um apoio mútuo nessa ocasião que nem todos sabem lidar.

Após a perda de um ente querido, amigos e familiares passam por um período de luto de sete dias a partir do dia do enterro. Desse modo, essas pessoas poderão se concentrar em sua dor da perda e agirem conforme as tradições judaicas.

Para isso, as pessoas costumam receber visitas constantes de pessoas da comunidade judaica que desejam prestar condolências e apoio afetivo. O aspecto espiritual também é trabalhado nesse momento com bastante orações, leituras das passagens sagradas e recordação de momentos que vivenciaram ao lado do falecido.

Ou seja, é um período em que todos poderão ter uma oportunidade de imersão e reflexão sobre a vida e a morte. Além de estarem ao lado de pessoas queridas, todo o grupo oferece um suporte incondicional para lidar com as fases do luto e agir conforme a escrituras da Torá.

Shivá e os períodos de luto do judaísmo

De modo geral, os judeus reconhecem outros dois períodos de luto além do Shivá. O primeiro é o Sheloshim que ocorre 30 dias após o enterro. Nessa ocasião é necessário acender uma vela memorial no dia de aniversário da morte do ente falecido, além de recitar diariamente o Kaddish.

Ademais, existem alguns costumes como não participar de eventos sociais ou festivos e não cortar o cabelo. Os homens não devem se barbear e usar tefilin. Já o segundo é o Avelut que dura 11 meses após o período do Sheloshim. Além dos homens ainda não poderem se barbear, só poderão cortar o cabelo em determinados dias da semana.

São eles: terças, quartas e quintas-feiras. O dia de domingo não é um dia permitido porque é o dia de descanso no Judaísmo. A segunda-feira é vista como um dia ruim para iniciar novas atividades, enquanto é proibido cortar o cabelo a partir da tarde de sexta-feira, em antecipação ao Shabat, dia sagrado do Judaísmo.

Aliado a isso, quem participa do Avelut não deve se casar nesse período e também precisa recitar diariamente o Kaddish e acender uma vela memorial no dia de aniversário da morte do ente falecido, assim como no Sheloshim.

Como o Shivá é praticado

Como você percebeu, existem algumas restrições e obrigações durante o Sheloshim e o Avelut. Da mesma forma que existem no Shivá. Anteriormente falamos que eles ficam em casa durante sete dias e sem sair. A não ser que seja para cuidar de necessidades médicas emergenciais. Fora isso, eles se concentram totalmente em sua espiritualidade, acendem velas, recitam orações especiais e dispõe de uma vestimenta restrita às cores do luto: preto ou cinza.

Assim como nos outros períodos de luto do judaísmo, os envolvidos não se barbeiam, não cortam o cabelo e ainda se restringem a determinados prazeres cotidianos como assistir a séries, ver televisão ou ouvir música. Rasgar as roupas, não usar cosméticos e não tomar banho também é considerado um sinal de luto.

A prática de não tomar banho durante o Shivá é porque a água para eles está associada à vida e à purificação. Como eles estão em um estado de luto intenso, tomar banho é sinal de se distanciar da oportunidade de imersão na dor e no luto.

Já os cosméticos são uma forma de evidenciar a beleza do corpo. Ou seja, uma forma de distração da dor e do luto pela perda de alguém querido. De maneira geral, é essencial que todos se concentrem em questões mais profundas da vida e não se aproximem de costumes e atitudes associadas à vaidade e à superficialidade.

O trabalho durante o Shivá

A dor e a tristeza pela perda de um ente querido é vivenciada de maneira altruísta no judaísmo. Entretanto, como é que as pessoas trabalham durante esse período que requer reclusão? Como vimos, toda a comunidade oferece o suporte necessário, mas existem algumas exceções que é necessário pontuar.

Por exemplo, um trabalho de curto período ou que o indivíduo trabalhe remotamente de casa. Caso o trabalho seja para o sustento da família e da comunidade judaica a liberação do enlutado também é concedida.

O uso de calçados de couro durante o Shivá

Como é possível perceber, é necessário que os enlutados se concentrem cada vez mais na dor e não desvie do propósito do Shivá. O couro é um material vinculado à proteção, além de ser derivado de animais mortos e visto como um material impuro. Portanto, é importante usar calçados desconfortáveis e se afastar de qualquer tipo de conforto mundano.

Neste artigo você aprende o que é e qual é o propósito do Shivá. Além de conhecer também outros períodos de luto do judaísmo e os principais motivos de não usar ou praticar determinadas coisas nesses períodos. Trata-se de um processo gradual, que é cheio de dogmas e precisa do respeito e concentração de todos os envolvidos.

Você já conhecia essa tradição judaica? Então continue conosco e conheça as características dos funerais em diferentes culturas.

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