Guia sobre os tipos de terapia e como escolher!

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Com a saúde mental cada vez mais sendo debatida e recebendo a atenção que merece — visto o impacto que ela tem em diferentes áreas da nossa vida —, muitas pessoas têm buscado se inteirar sobre como funciona o acompanhamento psicológico. E não só isso: quais os tipos de terapia existentes, quando procurar por esse serviço e quais os benefícios podem ser obtidos a longo prazo.

Por essa razão, preparamos um artigo completo que aborda todas essas dúvidas e ainda traz outras informações importantes. Portanto, acompanhe os próximos tópicos e fique por dentro da importância do bem-estar psicoemocional!

O que é e como funciona a terapia?

A terapia é um processo de investigação, elaboração e intervenção na subjetividade humana que é conduzida em sessões ao longo do tempo por um terapeuta. Ela permite que você possa conhecer melhor a si e promover mudanças positivas e, acima de tudo, mais saudáveis no seu comportamento, personalidade, cognição e capacidade de comunicação. Por meio dela, você:

  • trabalha o repertório afetivo (emoções, sentimentos, paixões);
  • aprende a lidar com conflitos e situações de perdas (materiais, financeiras, pessoais e afins);
  • toma decisões de maneira mais eficiente;
  • se torna mais preciso quanto às suas necessidades;
  • aprende recursos e práticas para lidar, tratar e evitar transtornos mentais;
  • desenvolve estratégias de enfrentamento contra a ansiedade e o estresse;
  • constrói relações interpessoais mais equilibradas.

Profissional que conduz as sessões

Como dito há pouco, é o terapeuta quem orienta o processo de terapia. Embora não seja uma atividade privativa da psicologia, ela é, sem dúvidas, uma das mais significativas da área. Afinal, os profissionais fazem cinco anos de graduação, além de diferentes especializações, para atendimento em saúde mental.

Tanto é que há resoluções do Conselho Federal de Psicologia, como as de nº 10/2000 e a nº 13/2022, que não só qualificam os psicólogos para a prática, como também determinam quais as diretrizes desse trabalho e os deveres que eles têm para com os pacientes.

Por isso é fundamental procurar um profissional do ramo. Dessa forma, você sabe que terá um atendimento e suporte qualificados no seu tratamento, uma atuação profissional conforme um código de ética, passará por intervenções de cunho científico e teórico e que, se necessário, pode contatar o conselho da categoria para prestar queixas ou denúncias. O que traz uma maior segurança e respaldo legal para você.

Duração da terapia

Não há uma regra universal para a duração do tratamento terapêutico. Geralmente, as sessões têm entre 50 a 55 minutos. Porém, você pode encontrar sessões que vão de 30 minutos até 90 minutos. O que vai influenciar isso é o tipo de terapia escolhida, se ela é online ou presencial, qual a abordagem que direciona o trabalho, se o acompanhamento com o profissional é feito pelo SUS, plano de saúde ou de forma particular e por aí vai.

Recorrência das sessões

Para além da duração, há outro aspecto importante envolvendo as sessões: a recorrência delas. O padrão mais comum é de um encontro semanal, o que permite o psicólogo acompanhar de perto a evolução do paciente e, quando necessário, ajustar o tratamento e as intervenções realizadas. Contudo, há outras possibilidades. Isso é algo que costuma ser acordado entre paciente e psicoterapeuta.

Por exemplo, você pode ter sessões quinzenais ou mensais. Há também a possibilidade de haver, em uma mesma semana, mais de uma sessão — em caso de indivíduos que estão em crise, passando por grande sofrimento mental e que precisam de suporte para lidar com risco de suicídio ou autolesão.

Modalidade da terapia

De praxe, a terapia acontece presencialmente em consultórios, clínicas e outros espaços voltados para o atendimento em saúde mental. No entanto, essa não é a única alternativa, ok? Você também pode optar por sessões online, remotamente. Inclusive, essa modalidade é oficialmente reconhecida e regulamentada em todo o país por meio da resolução CFP nº 9/2024, do Conselho Federal de Psicologia.

Essa é uma opção bastante útil para quem está com alguma limitação de locomoção ou de saúde, não consegue alinhar a agenda com os horários de atendimento do profissional escolhido, se encontra em um local diferente da cidade de atendimento do psicólogo ou simplesmente prefere um acompanhamento à distância.

Tipos de terapia

A terapia individual é, sem dúvidas, o modelo mais conhecido pelas pessoas. Afinal, é o mais popularizado na mídia (TV, redes sociais, cinema). Isto é, aquele no qual você se consulta sozinho com um psicólogo em um consultório ou clínica para diferentes tipos de questões mentais, emocionais, comportamentais e de personalidade.

Formato esse que, inclusive, é parecido com o que acontece com outros profissionais da saúde, como nutricionistas, médicos e fisioterapeutas. Contudo, ele não é o único tipo de terapia existente.

Você também tem a possibilidade de realizá-la em casal, em família e em grupo. No primeiro caso, o foco da terapia é em questões envolvendo o casal, como matrimônio, traição e vida sexual. No segundo, o tratamento gira em torno de questões que pais, filhos e até mesmo os demais parentes (quando for o caso) precisam tratar para restabelecer o equilíbrio e a união familiar.

Já o último, o de grupo, permite arranjos mais diversos e com temáticas bem distintas entre si. Por exemplo, a terapia pode ser de grupo de ajuda para lidar com questões como luto, eventos traumáticos, dependência química, reabilitação psicossocial etc. Ela também pode ser voltada para questões de desenvolvimento emocional em públicos específicos, como o caso de pessoas idosas ou adolescentes.

Há ainda grupos de psicoeducação. Ou seja, voltados para o aprendizado sobre questões de saúde, bem-estar e qualidade de vida. Eles são muito comuns na atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS), por exemplo. Isso porque podem ser realizados para a conscientização da prevenção de câncer, cuidados com a saúde mental, campanhas territoriais contra doenças e/ou infecções sazonais.

Alta da terapia

“Uma vez começada a terapia, preciso fazer ela para sempre?”. Essa é uma dúvida comum sobre o tema. A resposta para isso é depende. Afinal, a psicoterapia trabalha com alta. Ela é obtida justamente quando o motivo que o levou ao acompanhamento com um profissional é sanado.

Por exemplo, quando um transtorno mental entra em remissão e não apresenta mais sintomas que afetam o seu bem-estar e a sua qualidade de vida. Outro caso é quando a dor do luto dá lugar à aceitação da perda, a saudade é ressignificada e você começa a se adaptar a um mundo onde o ente querido não está mais presente fisicamente.

Quais as principais abordagens existentes na terapia?

Toda terapia realizada sob a supervisão de um psicólogo deve ser guiada a partir de uma abordagem reconhecida cientificamente. Isso, inclusive, é previsto na resolução CFP nº 13/2022.

As abordagens apresentam uma teoria da personalidade. Ou seja, elas se aprofundam na natureza humana, nas relações sociais, na influência biológica e do ambiente sobre o comportamento, na existência de conceitos mentais (como consciência e inconsciente) e em pressupostos que ajudam a entender o desenvolvimento de psicopatologias.

Por exemplo, a depressão, a anorexia, a fobia social, a compulsão alimentar, ansiedade generalizada e muito mais. Tudo isso é fundamental para que o psicólogo possa planejar um trabalho não só personalizado, mas, acima de tudo, coerente com as necessidades do paciente. Neste tópico, vamos apresentar algumas das mais populares. Acompanhe atentamente!

Terapia cognitivo-comportamental

A terapia cognitivo-comportamental é uma abordagem com foco na cognição. Em particular, na forma como percebemos e interpretamos o mundo ao nosso redor. Isso porque, a depender do nosso histórico de vida, em particular as nossas crenças pessoais, podemos desenvolver pensamentos disfuncionais que nos levam a ter problemas emocionais, comportamentais e sociais.

Portanto, a terapia guiada pela TCC, como ela é chamada, busca proporcionar mais qualidade de vida a partir do ajustamento dos pensamentos e da reformulação de crenças que são desadaptativas e disfuncionais. Vale destacar que, entre as abordagens existentes, ela é a que mais tem atividades práticas e intervenções onde o paciente assume participação ativa.

Psicodrama

O psicodrama, por sua vez, é uma abordagem que enxerga o homem em relação com os seus iguais, desempenhando papéis para lidar com as situações cotidianas. É justamente por isso que esse tipo de terapia trabalha com ações dramáticas nas sessões.

Onde, por meio da interpretação e simulação de vivências e experiências, você melhora sua espontaneidade e criatividade. Mas não só isso. A dramatização permite que você manifeste emoções reprimidas, aprenda a reavaliar o seu comportamento, desenvolva um novo olhar para problemas pessoais e muito mais.

Abordagem centrada na pessoa

A abordagem centrada na pessoa, que é uma das vertentes históricas, parte do princípio de que não há forças deterministas que decidem a sua vida por você. Ao contrário, você constrói seu trajeto.

Ela ainda estabelece que todos temos uma tendência atualizada que nos move continuamente para atingirmos o nosso potencial. Uma força que não cessa e que nos permite crescer e se desenvolver. O processo terapêutico, por sua vez, se torna fundamental para que cada indivíduo se torne mais congruente (entre o que se é e o que se deseja ser) e aberto às experiências da vida.

Existencialismo

De origem filosófica, essa abordagem não foca na essência do ser humano, mas na existência dele no mundo. Isso porque existir é um eterno processo de crescer, mudar, se superar e se tornar alguém diferente. Esse tipo de terapia foca na liberdade das pessoas e na capacidade delas de pensarem e refletirem sobre o que querem fazer para terem vidas mais autênticas e satisfatórias.

Ao mesmo tempo, trabalha com a responsabilização do homem sobre as escolhas que ele tomou e as consequências que geraram. Permitindo, assim, um maior amadurecimento e conscientização sobre si e as relações que constrói.

Psicanálise

A psicanálise é uma das abordagens mais populares. Criada por Freud, ela foca no papel das experiências que temos na infância e como isso se reverbera ao longo da nossa vida. Além disso, essa corrente dá bastante ênfase no papel do inconsciente, onde se concentram os impulsos que ditam muito do nosso comportamento, personalidade e, em particular, o desenvolvimento de psicopatologias.

Essa teoria teve muita influência no desenvolvimento de outras abordagens. Além disso, ela é uma referência em como fazer análise e interpretação não só daquilo que é consciente, mas também de sonhos e neuroses.

Junguiana

A psicologia analítica, conhecida como terapia junguiana por conta do criador dela, Carl Gustav Jung, tem o pressuposto de que, além de um inconsciente individual, também temos um inconsciente coletivo que é compartilhado por todas as pessoas. Este é o responsável pelos arquétipos (como o do herói, do velho sábio e da grande mãe) que muitas vezes seguimos e adotamos ao longo da vida.

Além disso, essa terapia trabalha com o conceito de autorrealização que é o processo pelo qual passamos para evoluirmos como pessoa e sermos saudáveis do ponto de vista psicológico. Para isso, o acompanhamento com o profissional será de grande importância.

Quais os benefícios de fazer terapia?

Neste tópico, reunimos alguns dos benefícios mais expressivos ao fazer um ou mais tipos de terapia. Ao conhecê-los, você pode ter um panorama mais claro do porquê o acompanhamento psicológico muda vidas e contribui diretamente para a sua evolução pessoal. Fique atento!

Proporciona autoconhecimento

Para começar, a terapia é uma jornada que permite que você conheça melhor quem você é. Isso inclui suas aspirações, paixões, afinidades e sonhos. Além, é claro, dos seus traumas, medos, experiências e relações.

A partir daí, você tem como avaliar se está sendo verdadeiramente fiel à sua essência, se está satisfeito com o estilo de vida que leva na atualidade, o que precisa para se sentir feliz e realizado e quais são os seus reais objetivos para o futuro.

Aumenta a autoestima

Outro benefício é o aumento da autoestima, já que o indivíduo aprende a se enxergar de outra forma. Ele começa a observar as qualidades e os diferenciais que têm, a entender que a diferença faz parte da humanidade e que o que ele considera ser um defeito ou algo ruim, em muitos casos, não passa de uma visão negativa e depreciativa de si próprio.

Para completar, ele passa a compreender que a mudança sempre é bem-vinda e que nós podemos nos aperfeiçoar tanto física quanto mentalmente para sermos a melhor versão de nós mesmos.

Combate a ansiedade e o estresse

O processo terapêutico ajuda você a lidar com pessoas, lugares e eventos que são ansiogênicos e fontes de estresse. Você aprende a manter o seu equilíbrio em momentos desafiadores, a praticar estratégias que o ajudam a se acalmar e a manter o foco e como agir para solucionar problemas e contratempos sem deixar que isso acabe gerando uma crise emocional.

Isso tudo é relevante porque tanto a ansiedade quanto o estresse são fatores que não só geram mal-estar físico e psicológico, como agravam o quadro de sintomas de transtornos mentais.

Construção de relacionamentos mais saudáveis

Por meio da terapia, você começa a ter relacionamentos mais saudáveis, sejam eles fraternais, sejam eles amorosos. Isso acontece porque você trata questões que afetam negativamente o convívio e a construção de vínculos com os demais. Por exemplo, ciúmes, desconfiança, dependência emocional, irresponsabilidade afetiva, baixa autoestima, entre outros aspectos.

Tudo isso reverbera em mais respeito, diálogo e confiança, o que faz com que os relacionamentos se tornem mais fluidos, honestos e benéficos para ambas as partes. Como resultado, as pessoas escolhem permanecer e fazer parte da sua vida, assim como desejam que você esteja presente no cotidiano delas.

Ajuda a tratar transtornos mentais

Todos os tipos de terapia são úteis e importantes para tratar problemas de saúde mental. Isso porque eles permitem que você avalie a dimensão dos sintomas e aprenda a reduzir o efeito deles. Em paralelo, também ensinam a identificar quais gatilhos contribuem para o aparecimento desses sintomas e como reduzir a sua vulnerabilidade a eles. Mas não acaba aí.

A terapia é um espaço onde você pode verbalizar, expressar e manifestar seus sentimentos e emoções sem repressão, censura ou crítica. Algo que faz toda a diferença quando você está em sofrimento psíquico, precisa desabafar e ter suporte para evitar riscos à sua vida.

Melhora a qualidade do sono

A terapia também ajuda na qualidade do sono das pessoas — e há duas razões para isso. A primeira é que você tem a oportunidade de verbalizar o que sente e que está lhe incomodando para alguém que será o seu suporte emocional. Evitando, dessa forma, guardar tudo para si e se manter em constante sofrimento. Algo que, inevitavelmente, afeta seu sono, disposição e humor.

A segunda razão é que o seu psicológico vai lhe ensinar sobre a higiene do sono. Medidas que podem ser colocadas em prática na sua rotina para lhe induzir ao descanso e criar uma rotina saudável para dormir.

Melhora sua capacidade de entender e expressar o que sente

Não são poucos os indivíduos que têm dificuldade de falar sobre o que sentem e até mesmo de entender o que acontece no interior deles. Isso acaba gerando sofrimento não só para a pessoa, mas também para quem convive com ela. Afinal, ela não consegue ser clara quando está triste, feliz, com medo, com ansiedade, com vergonha e afins, reduzindo a comunicação e gerando frustração — que dá lugar à irritação e agressividade.

Junto ao psicólogo, você tem a possibilidade de aprender a identificar suas emoções e os seus sentimentos, entender como eles se refletem nas suas ações e, em especial, se tornar apto a expressá-los sem dificuldades.

Contribui para o tratamento de problemas psicossomáticos

Além das vantagens já mencionadas, a terapia é recomendada para o tratamento de problemas psicossomáticos. Ou seja, aqueles quadros de saúde que surgem em diferentes momentos da vida e são causados e/ou agravados por desequilíbrios psicoemocionais. Alguns exemplos são a enxaqueca, a gastrite, a dermatite atópica, a psoríase e o vitiligo.

Portanto, saber reconhecer, lidar e ressignificar o seu sofrimento psíquico é fundamental para a melhora do seu bem-estar e controle dessas doenças. Para tanto, o acompanhamento psicoterapêutico será a principal chave nesse processo, permitindo que a pessoa dê voz à própria subjetividade e construa uma nova história com maior equilíbrio e saúde emocional.

Auxilia a lidar com problemas comportamentais

Muitas pessoas enfrentam diariamente dificuldade para socializar porque não se sentem confortáveis para falar em público, se consideram muito tímidas e se julgam desengonçadas/atrapalhadas. Tudo isso leva ao temor de receberem críticas e avaliações negativas de desconhecidos.

Casos como esses encontram na terapia a possibilidade de compreender de onde, de fato, veem esses receios e como superá-los a partir do treino de habilidades comportamentais, além, é claro, do desenvolvimento da autoconfiança e autossegurança.

O que analisar ao escolher entre os tipos de terapia?

Para encerrar, trouxemos algumas dicas que vão ser úteis para você escolher a terapia que mais se alinha às suas necessidades. Pegue papel e caneta e comece já a anotá-las:

  • peça indicações a conhecidos que já façam terapia. Isso ajuda no processo de encontrar profissionais renomados e com um bom custo-benefício para o seu orçamento;
  • pesquise a formação e a experiência profissional do psicólogo. Isso é importante, em particular, se você quer alguém especialista em uma demanda particular (como luto ou transtornos alimentares);
  • defina se você quer terapia individual ou coletiva. A partir disso, você pode acertar outros pormenores com o profissional, como duração da sessão, periodicidade e se ela será presencial ou remota;
  • informe-se mais sobre as abordagens psicológicas. Não faltam conteúdos produzidos por profissionais da área que explicam e se aprofundam nelas. Assim, você pode avaliá-las melhor e buscar por um terapeuta que seja da teoria da sua preferência.

Agora que você já conhece não só o que é processo terapêutico, mas quais são os tipos de terapia e as abordagens mais comuns que guiam esse trabalho, é hora de planejar a sua adesão ao tratamento. Afinal, como explicamos, os benefícios são diversos e influenciam diretamente o seu bem-estar, autoestima, saúde mental e qualidade de vida. Sem falar na possibilidade de autoconhecimento. Portanto, aproveite!

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