Saúde e bem-estar: o guia completo para investir em você

Pensar em formas de melhorar saúde e bem-estar é um assunto frequente na sociedade. Ele é discutido tanto em conversas corriqueiras entre amigos quanto em campanhas nacionais de profissionais e órgãos de saúde. Porém, é inegável que ele se torna ainda mais importante em um contexto de luto por perdas de entes queridos.

Afinal, em um momento sensível como esse, é preciso dar uma atenção especial ao tema, já que diferentes pessoas podem acabar se autonegligenciando diante da dor. Em particular quando elas não têm uma rede de apoio bem estabelecida. O que pode levar, por exemplo, a problemas afetivos, comportamentais, sociais e de saúde mental (com o desenvolvimento de transtornos, como a depressão).

Por isso, trouxemos algumas dicas de grande importância sobre como você pode aprender sobre o autocuidado no luto, assegurando seu equilíbrio emocional, a sua capacidade de expressão e uma visão mais reflexiva e empática sobre como seguir a vida diante da ausência de quem partiu. Continue lendo e saiba mais!

O luto e a importância do autocuidado

O período de vivência do luto é muito singular e com experiências diversas para cada pessoa. É uma nova realidade que se apresenta às vezes de maneira antecipada, às vezes de maneira abrupta.

Aprender a aceitar a ausência de alguém importante ao mesmo tempo que ela segue presente nas lembranças nem sempre é algo fácil de ser levado adiante. Ao contrário, é comum movimentar bastante as suas emoções e os seus sentimentos, causando, por exemplo, medo, angústia, descrença, irritabilidade etc.

Não raramente, a pessoa também passa por impactos físicos, como falta de disposição, aumento da desatenção, alterações no sono e no apetite e afins. Há ainda os efeitos mentais, em particular no humor e na afetividade. Tudo isso precisa ser considerado não só por quem acompanha indivíduos enlutados, mas também por quem se encontra nessa situação. O autocuidado aqui entra como um aspecto essencial no luto.

É ele quem permite a vivência de um luto resiliente e saudável psicologicamente. Que permite a expressão da dor sem receio de julgamentos ou críticas. Que considera a sua individualidade, deixando que você se adapte aos poucos ao que a perda de alguém representa, sem obrigar a seguir o tempo de outras pessoas ou condenando você a reprimir seus sentimentos — como se o luto tivesse um prazo e um protocolo a ser seguido por todos.

É o autocuidado que mostrará, pouco a pouco, que a presença de quem se foi, tão marcante no passado, vai dando lugar à saudade no presente, enquanto no futuro ela se eterniza enquanto lembrança e carinho. Que a sua vida pode ter novos sentidos e recomeços. Você não precisa se punir ou se maldizer no processo.

Que a perda de quem você ama não acaba o amor que nutria por ele. Apenas ressignifica a forma de senti-lo. Diante de tudo isso, aqui vão alguns passos importantes de autocuidado para você praticar e estimular os demais a seguir. Tome nota!

Não se culpe ou se cobre

Diante do falecimento de alguém muito amado e querido, não é raro encontrar algumas pessoas que começam a procurar coisas, atos, situações, atitudes e afins que poderiam supostamente ter realizado para prevenir ou retardar a morte desse indivíduo. Como se fosse algo que estivesse sob o controle delas.

Logo, passam a se cobrar e principalmente a se culpar por ele já não estar mais presente em vida. Portanto, é preciso entender que esse tipo de pensamento está equivocado. Não é justo com você mesmo nem condiz com a realidade.

Parte importante do luto consiste em entender que a morte é um processo natural pelo qual todos vamos passar e que as circunstâncias dela são muito particulares para cada sujeito.

Evite forçar uma retomada dos afazeres

Durante o luto é necessário que se retome a rotina aos poucos, sem pressa ou exageros. Evite, por exemplo, mergulhar de cabeça no trabalho, em compromissos sociais, eventos ou qualquer outra atividade como forma de ocupar a mente e esquecer, mesmo que apenas temporariamente, o falecimento do seu ente querido. Lembre-se sempre que sofrer, se emocionar e sentir saudades não é errado.

Que querer ficar um pouco mais recluso e em silêncio é normal e plausível. Todas as suas emoções e os seus sentimentos são válidos. Por isso, não tenha medo de expressá-los e vivenciá-los no ritmo e na forma que aparecem.

Não há um prazo para que o luto acabe e você simplesmente volte ao cotidiano de antes como se nada tivesse acontecido — essa é uma visão completamente equivocada. Logo, busque entender qual é o seu tempo e, acima de tudo, respeitá-lo.

Atividades físicas e saúde mental

Praticar atividades físicas contribui para a saúde e bem-estar, melhorando o condicionamento físico, a resistência, a força e o equilíbrio. Além disso, fortalece o sistema imunológico, contribui para melhorar a regulação do sono, equilibra a disposição diária, condiciona positivamente o humor, reforça a cognição e ainda proporciona mais qualidade de vida. Contudo, se exercitar não é útil apenas por esses pontos que citamos.

Isso porque ele também favorece a saúde mental, permitindo o extravasamento de emoções e sentimentos, o direcionamento de energia para experiências positivas e o relaxamento psicológico. Aspectos muito importantes a serem trabalhados durante o processo de luto. Abaixo, você confere alguns exemplos de atividades que contribuem para o seu bem-estar emocional e o porquê disso.

Corrida

A corrida é uma prática feita ao ar livre, especialmente em áreas verdes, que permite o contato com a natureza. Ela é bastante benéfica para o seu estado psicológico porque ajuda a reduzir o estresse e a ansiedade que, muitas vezes, são vivenciados no processo de luto. Permitindo que seja possível manter a calma e ter mais controle emocional.

Você pode dar o seu ritmo conforme a sua capacidade física atual para se exercitar. Portanto, não há forma certa ou errada de começar. O importante é estar vestido adequadamente para poder realizar os movimentos que precisa e se manter hidratado.

Dança

Uma segunda sugestão para ter saúde e bem-estar é a dança. Afinal de contas, ela está bastante relacionada com a expressão emocional, contribuindo para que, ao mesmo tempo em que você se exercita e assegura o autocuidado, trabalhe a dor da perda de um ente querido por meio da arte e da performance.

Para completar, ela aumenta a sensação de bem-estar e relaxamento graças ao estímulo constante para a produção de neurotransmissores importantes para o equilíbrio do organismo, como a dopamina. Você pode frequentar escolas de dança, academias e clubes onde são promovidas grades de aulas em diferentes ritmos.

Yoga

O yoga, por sua vez, é uma atividade que envolve a repetição de exercícios de autocontrole, resiliência e equilíbrio emocional. Três pontos importantes que ajudam no processo de luto, ainda mais em caso de perdas que ocasionam muito sofrimento.

Um dos pontos altos dessa prática é que ele pode ser feito, basicamente, em qualquer lugar. Tudo o que você precisa é de um colchonete para se sentar, meditar e treinar as posições de maneira confortável. Dá para testá-lo em casa, no parque, na praia e onde mais você desejar ou imaginar.

Natação

A última sugestão de atividade física é a natação. Isso porque o contato com a água ajuda a ajustar e melhorar a respiração, influenciando na regulação emocional. Principalmente durante episódios de ansiedade, angústia e medo. Além disso, ela também tem propriedades terapêuticas que geram relaxamento, melhora do humor e consciência do próprio corpo.

A natação pode ser praticada em casa ou no condomínio onde você mora, em um clube esportivo ou em uma academia. Vale mencionar que há variantes dela igualmente benéficas, como é o caso da hidroginástica. Portanto, escolha aquela com a qual mais se identificar.

Hobbies e passatempos como forma de terapia

Para além das atividades de autocuidado, é interessante investir em hobbies e passatempos que tenham função terapêutica. Ou seja, que contribuem para melhorar seu equilíbrio emocional, geram bem-estar e ainda promovem a (re)descoberta do prazer e felicidade nas pequenas coisas do dia a dia.

Ou seja, aspectos importantes quando você está em processo de luto, pois ajuda a lidar com a dor e a ausência da perda, a expressar sentimentos e emoções de formas não verbais — em especial, quando você não consegue falar a respeito —, a reduzir a dificuldade de retomar a rotina habitual e a evitar o isolamento social — no qual, muitas vezes, o enlutado é colocado pelos outros.

Pensando em tudo isso, trouxemos algumas sugestões que podem lhe inspirar e se tornarem excelentes hobbies/passatempos leves e criativos. Curioso para saber mais? Então confira!

Fazer jardinagem

A primeira sugestão é fazer jardinagem. Você pode aproveitar o seu próprio jardim ou quintal para isso, cultivando plantas ou flores, colhendo frutos e tendo contato constante com a natureza. Essa prática conversa diretamente com os ciclos da vida e permite momentos de reflexão, autoanálise e compreensão sobre a realidade atual.

Caso queira, você pode, gradualmente, convidar a família para se juntar a essa tarefa e compartilhar com eles momentos terapêuticos e de união. Isso sem falar na possibilidade de participar de ações de ONGS que promovem causas ambientais na sua região e que plantam mudas ou trocam espécies de lugar em parques, praças, jardins e reservas naturais.

Praticar culinária

Uma segunda alternativa é a culinária. Você pode aproveitar o seu momento na cozinha para fazer os pratos que desejar ou honrar as preferências de receitas que o ente que se foi gostava. É uma forma de se conectar com ele e de lidar positivamente com o luto. Aos poucos, você pode ampliar sua atividade para cozinhar, por exemplo, para os demais moradores da casa.

Mas não encerra aí. Isso porque você também pode se inscrever em cursos de culinária (como aqueles de confeitaria ou panificação) e participar de iniciativas solidárias de preparo de alimentos para pessoas em situações de vulnerabilidade.

Envolver-se com arte

Outro exemplo de hobby/passatempo engloba as artes — e aqui entram as mais variadas manifestações dela. É o caso da pintura em tela, dos objetos de cerâmica, dos desenhos e ilustrações, das esculturas de barro, da escrita etc. Você pode escolher uma delas de antemão ou simplesmente testá-las uma por uma até encontrar aquela modalidade de arte com a qual mais se identifica e se sente confortável.

Para tanto, você pode fazer isso em casa ou participar de oficinas que são voltadas justamente para a expressão de sentimentos e emoções por meio da criatividade artística. Galerias, ateliês e clínicas de psicologia são alguns locais onde esse tipo de atividade está disponível.

Treinar música

A música é um hobby ou passatempo à parte. Isso porque ela pode ser vivenciada e treinada para o canto, mas também para o uso de instrumentos (como violão, piano, saxofone, teclado, bateria etc.). De uma forma ou de outra, você pode se engajar na criação de playlists que homenageiam a pessoa que se foi e que reforçam a importância da união familiar e dos amigos nesse momento.

Para algumas pessoas, também pode ser interessante atuar e até mesmo se apresentar de forma voluntária em corais da cidade, como os de instituições universitárias, organizações filantrópicas ou igrejas e templos que elas frequentam.

Celebração de lembranças e memórias

Uma das atividades que ajuda no fortalecimento da saúde e bem-estar no processo do luto é celebrar lembranças e memórias de quem partiu. Não apenas para homenagear e promover nostalgia, mas para agradecer o tempo passado ao lado da pessoa, mostrar o quão significativo foi conviver e dividir histórias com ela. Acima de tudo para mostrar que ela jamais será esquecida ou superada, nada disso.

Ao contrário, sempre será recordada com carinho, afeto e respeito. Abaixo, reunimos algumas formas de realizar essa celebração por meio de rituais e práticas de despedida. Leia elas com atenção!

Atenda a pedidos especiais

Você sabe de algum plano ou intenção que o seu ente querido tinha? Talvez até mesmo um pedido que ele tenha verbalizado ainda em vida para você e outros conhecidos? Algo que ele queria muito, mas, devido ao falecimento dele, não pôde ser iniciado ou concluído. Em caso positivo, que tal dar continuidade a isso?

Essa é uma oportunidade de honrar a memória da pessoa que ele foi, mostrar o seu respeito e, em particular, assegurar que essa vontade dele seja atendida. Além de lhe mobilizar emocionalmente, o emprego de energia nessa atividade vai ser importante para você descobrir novas motivações pessoais para seguir em frente e facilitar a vivência do luto.

Crie um memorial

Um memorial com fotografias também pode ser uma boa solução para celebrar lembranças e memórias. Em especial, quando você deseja fazer algo mais intimista só para familiares e amigos ou apenas para você mesmo. Ele pode ser construído em um cômodo da casa ou na área do columbário, em que as cinzas do falecido se encontram, por exemplo.

Outra possibilidade é criar um memorial online, como um site ou um blog, onde você e os demais podem compartilhar, além de fotos, vídeos de momentos importantes com o ente querido. Situações de alegria, comemoração, troca de afinidades, experiências em viagens e muito mais.

Realize uma celebração de despedida

Muitas pessoas que têm religião costumam optar por fazer alguma celebração de despedida por quem partiu. É o caso de cultos, missas, rituais entre outras manifestações religiosas. Se esse é o seu caso, você pode recorrer a sua fé como forma de reconforto e também de manifestação de saudade.

Para quem não tem uma religião específica ou mesmo não segue algum credo, essa celebração pode ser adaptada de outras formas. É o caso da reunião familiar para prestar um último adeus. Algo que pode ser feito, por exemplo, em contato com a natureza ou algum espaço com o qual o ente falecido tinha algum vínculo especial.

Participe de eventos em homenagem

Além das dicas anteriores, você pode criar ou participar de eventos em homenagem póstuma ao falecido, desde aqueles menores aos de maior porte. A ideia é destacar feitos pessoais, comunitários e profissionais que ele teve e o impacto disso na sociedade. Mostrando que, em vida, ele contribuiu ativamente para mudar o mundo, deixando um legado de esperança e idealização para um futuro melhor.

Podem ser colhidos depoimentos de pessoas próximas a ele, além de ser apresentando vídeos, fotos e até mesmo projetos dele que podem ser celebrados por eternizarem lembranças positivas de alguém que vai deixar saudade e ser eternamente lembrado com carinho.

A despeito de todo sofrimento, o luto também ensina a viver

Para além de tudo o que foi apresentado neste post, é importante que os enlutados vejam esse processo de despedida do ente falecido e de reavaliação dos próximos passos a partir desse acontecimento como um momento que também permite autodescobertas e crescimento pessoal.

Ou seja, viver o presente e encarar com bons olhos o futuro. Tudo isso sem jamais ignorar ou desrespeitar o passado e as memórias que ele gerou. Afinal, as lembranças de quem partiu serão para sempre e vão lhe acompanhar eternamente. Nesse processo, há algumas atividades que vão ser úteis. Veja quais são elas!

Busque apoio psicológico

Para trabalhar a sua jornada de autoconhecimento e crescimento pessoal a partir da vivência do luto, é aconselhável ter o acompanhamento psicológico. Um profissional que seja especialista na área e capacitado para falar sobre morte de maneira empática e acolhedora.

Assim, você pode participar de terapias individuais ou grupais, plantões psicológicos e sessões de aconselhamento, no qual poderá lidar com todos os sentimentos e emoções presentes nessa fase, tanto positivos quanto negativos. Investigando, assim, não apenas a origem deles, mas também os fatores que contribuem para a permanência deles.

Participe de grupos de enlutados

Paralelo à terapia, você pode integrar um ou mais grupos de enlutados. Esses grupos se tornam uma ferramenta poderosa para você expressar o que está sentindo, compartilhar experiências com pessoas que também estejam vivendo o mesmo processo, aumentar sua rede de apoio, ampliar sua visão de mundo, se ajudar e ajudar outras pessoas.

Pratique a autocompaixão

A terceira atividade é, na verdade, uma prática que você deve exercitar no seu dia a dia. Trata-se da autocompaixão. Isto é, aprender a reconhecer suas vulnerabilidades e respeitá-las, buscar aprender a lidar com suas emoções sem as reprimir e ser compreensivo consigo mesmo diante das dificuldades vivenciadas.

Entender que você dá o seu melhor conforme o que você tem e o quanto as circunstâncias permitem no momento. Que o seu 100% pode não ser os mesmos 100% dos demais, mas que isso não é um problema ou uma desvantagem.

Mantenha a mente aberta e receptiva

Para encerrar, foque em manter a sua mente sempre aberta e receptiva. Essa não é uma tarefa fácil no processo do luto e que jamais deve ser forçada. Porém, pode ser trabalhada gradualmente, dia após dia.

Dessa forma, você passa a se permitir a estabelecer novas conexões, a ter novas experiências e a organizar sua vida diante das mudanças que ocorreram. Com o tempo, você ficará mais apto a retomar a rotina e a traçar metas e objetivos diferentes.

Como mostrado, o luto não impede o autocuidado em saúde e bem-estar. Ao contrário, são duas coisas que podem andar lado a lado. Com você expressando sua saudade de diferentes formas, buscando alternativas reconfortantes para lidar com a dor e encontrando novos significados e sentidos para os dias que virão.

Tudo isso sem abrir mão de garantir que você esteja psicologicamente e emocionalmente bem. Por isso, siga as nossas dicas e, além de se ajudar nesse processo, dê o suporte necessário a outras pessoas que estão enlutadas.

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